Vi o novo estádio do Real Madrid. É um monumento ao novo-riquismo e à estética de shopping
Esses dias, tive a infelicidade de ver imagens do “novo” Santiago Bernabeu, estádio do Real Madrid.
O troço é um
monumento à breguice, ao novo-riquismo, à estética de shopping centers que,
infelizmente, vem destruindo cidades em todo o mundo.
Quem olha
uma foto e não sabe o que é pensa tratar-se de um shopping de luxo ou de um
aeroporto em algum país árabe bombado de petrodólares.
Não é
possível que fãs de futebol se impressionem com isso. Porque essa opulência
toda não tem nada a ver com o futebol. Ou melhor: talvez tenha a ver com o que
se passa por futebol hoje em dia: um evento de ingressos caros, restrito a
pessoas com grana e que inibe a presença de pobres.
Infelizmente,
essa tendência de elitização do futebol encontra muitos adeptos por aqui. Desde
2007, quando foi anunciado que o Brasil seria sede da Copa de 2014, iniciou-se
um processo de erradicação da faceta popular do futebol. Erguemos arenas
superfaturadas, que renderam bilhões a empreiteiras corruptas e a políticos, e
que não contemplavam setores de ingressos mais acessíveis.
Foi uma
política pensada e executada com o propósito de elitizar o futebol.
Quem teve a
sorte de acompanhar o futebol brasileiro até os anos 90 sente falta de muitas
coisas: campeonatos equilibrados, estádios lotados, torcida cantando,
arquibancadas habitadas por pessoas de todas as classes sociais. Não era
perfeito – ninguém gosta de estádio desconfortável e banheiros imundos – mas
era infinitamente mais divertido e, principalmente, mais democrático do que hoje
em dia.
Quem viveu o Maracanã de verdade, por exemplo, não consegue nem olhar para o que ele se tornou. E temo que seja um caminho sem volta. Quem viveu, viveu.