Os últimos
dias foram sensacionais para quem gosta de esporte.
Nas finais de Conferências da NBA, o equilíbrio é total: no Oeste, o Phoenix Suns lidera diante do Los Angeles Clippers por 3 jogos a 2. No Leste, Milwaukee Bucks e Atlanta Hawks estão empatados em 2 a 2. Vários jogos foram decididos nos segundos finais.
E a Eurocopa está demais. Na terça (29), num Wembley festivo e abarrotado, tivemos uma vitória gigante da Inglaterra contra a arquirrival Alemanha, e um improvável jogão entre Suécia e Ucrânia. Esta partida teve três bolas na trave e uma vitória dramática da Ucrânia no último minuto da prorrogação.
Se alguém
dissesse, alguns anos atrás, que um jogo entre suecos e ucranianos seria lindo
de ver, você duvidaria. Mas o que jogaram o 10 da Suécia, Forsberg, e o 7 da
Ucrânia, Yarmolenko, foi brincadeira.
Agora, emocionante mesmo foi a rodada de segunda-feira (28), que teve dois jogos improvavelmente épicos: Espanha vs. Croácia e França vs. Suíça. No total, foram 14 gols e duas prorrogações. Os dois jogos terminaram o tempo normal empatados com gols nos últimos instantes, em partidas cheias de alternâncias e emoção.
O segundo
tempo de França vs. Suíça teve um roteiro digno de filme: os suíços venciam por
1 a 0 e tiveram um pênalti a favor. O goleiro francês, Lloris, pegou a
cobrança. Os franceses se animaram e rapidamente viraram para 3 a 1. Quando todo mundo – inclusive os suíços –
acharam que o jogo terminaria em goleada, o time da Suíça achou forças e
conseguiu marcar dois gols no finzinho, levando a decisão para a prorrogação e,
depois, para os pênaltis, onde eliminou os atuais campeões do mundo.
Assim que
acabou esse jogo histórico, zapeei a TV e dei de cara com a reprise de
Venezuela vs. Peru, pela Copa América. Parecia outro esporte: estádio vazio,
gramado que mais parecia a superfície lunar, times péssimos e desfalcados pela
Covid. Enfim, uma lástima completa.
De repente,
lembrei que existia uma coisa chamada Seleção Brasileira. Pesquisei na web e
descobri que, no domingo, o time da CBF havia empatado com o poderoso Equador. Foi
aí que me dei conta de que o momento que estava se desenhando há pelo menos 20
anos finalmente chegou: aquele em que a Seleção não despertaria paixão ou
raiva, mas o total desprezo.
Faz um bom tempo que jovens brasileiros pararam de se importar com a amarelinha e com o campeonato nacional de clubes. Ao mesmo tempo, cresce a audiência para futebol internacional, NBA e até a NFL. Uma tristeza completa.
O futebol brasileiro precisa, urgentemente, se reinventar. Jogar no lixo a experiência fracassada de elitização dos estádios e da “espanholização” dos clubes, posta em prática nos últimos 10 ou 15 anos, e se reconectar com os torcedores.
Ou muda, ou morre.