TJD-PR suspende Cascavel CR por 180 dias e aplica multa; decisão cabe recurso
O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) suspendeu o Cascavel CR por 180 dias e aplicou multa de R$ 20 mil por conta da falsificação de 14 testes de Covid-19 para a partida contra o Athletico, no dia 30 de abril. A suspensão começa se dar a partir do trânsito julgado, ou seja, só após a decisão final. Ainda cabe recurso ao clube e tem efeito suspensivo.
O tribunal, de forma unânime, também absolveu os três atletas envolvidos no caso: os zagueiros Lapa e Castro e o meia Gabriel Oliveira. O diretor de futebol do clube, Anthony Perekles Gonçalves de Almeida, recebeu multa de R$ 10 mil e suspensão de 360 dias. Já os demais envolvidos no caso também foram absolvidos.
O órgão havia denunciado o Cascavel CR nos artigos 191 e 234 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O primeiro artigo é referente ao não cumprimento do regulamento, enquanto o segundo trata da falsificação de documento.
Já as pessoas físicas envolvidas foram denunciadas somente no artigo 234, cuja pena previa suspensão de seis meses a dois anos e multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Como ainda cabe recurso, o Cascavel CR segue disputando as últimas rodadas do Paranaense normalmente.
Como foi o julgamento do Cascavel CR
O julgamento, realizado de forma virtual, durou mais de quatro horas e meia. Os zagueiros Lapa e Castro e o meia Gabriel Oliveira, denunciados, foram ouvidos pelos auditores e pela procuradoria.
A sessão também ouviu as testemunhas. A dona do laboratório Exame, de União da Vitória, responsável pelo testes do Cascavel CR, Rosângela Aparecida Silveira abriu os depoimentos.
O delegado da partida entre Athletico e Cascavel CR, Marcus Luz, assim como a responsável pelo departamento de competições da FPF, Maria Doraci, e a auxiliar do setor, Jéssica da Silva Mello, também deram seus relatos sobre o ocorrido.
"Normalmente, alguns exames são inseridos como PDF, e esses estavam como imagem. Conforme eu analisei cada exame, em um determinado momento da listagem, eu verifiquei que havia um exame um pouco diferente na fonte no campo nome e no campo CPF. Havia divergências. Eu continuei a conferência e em outros exames, eu vi a mesma diferença", afirmou Jéssica, que foi a primeira a identificar as diferenças nos laudos dos exames.
Depois, o procurador Rafael Humberto Galle e o advogado de defesa do clube e das pessoas vinculadas ao Cascavel CR, Nixon Fiori, deram suas teses.
"Entraremos com recurso. Assim como a procuradoria também vai fazer o recurso. Mas, pelo menos, já ficou provado algumas situações. O clube vai recorrer em relação à multa e à suspensão. Mas os outros todos foram absolvidos. Graças a Deus ficou provado que não tinham envolvimento nenhum", disse Fiori ao UmDois Esportes.
Entenda todo o caso
O Cascavel CR teria falsificado testes de Covid-19 antes da partida contra o Athletico pela quarta rodada do Paranaense. Três jogadores foram retirados do jogo antes de a bola rolar.
Após a partida, a Federação Paranaense de Futebol (FPF), soltou uma nota alegando "indícios de falsificação" nos documentos do laboratório enviados à entidade. "a FPF entrou em contato com o Laboratório responsável, que por sua vez confirmou que referidos atletas não realizaram os testes nas datas em questão", dizia a nota.
O laboratório confirmou a suspeita da FPF e afirmou que, ao todo, poderiam ser 14 laudos de exames irregulares. Depois do ocorrido, o treinador Luiz Carlos Cruz disparou contra a diretoria do Cascavel CR e pediu demissão. Outros atletas também deixaram o clube.
Na semana passada, o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) denunciou o Cascavel CR e mais 14 pessoas envolvidas, dentre elas jogadores, membros da comissão técnica e integrantes da diretoria do clube.
Além da esfera esportiva, o caso também passou a ser investigado criminalmente. A Polícia Civil também já abriu inquérito para apurar as falsificações e responsabilizar os culpados.