A estratégia de Lucio Flavio para “pequeno” surpreender no Paranaense
Ídolo do Paraná Clube e com passagem pelo Coritiba, o ex-meia Lucio Flavio inicia um novo capítulo no futebol paranaense em 2025. Desta vez, na área técnica, à beira do campo, no comando do São Joseense.
Após pendurar as chuteiras, o clássico camisa 10 trabalhou por dois anos como auxiliar-técnico do próprio Tricolor.
Mesmo cargo que assumiu no Botafogo, em 2023 — no clube carioca, por sinal, comandou o time principal por nove partidas na reta final daquela temporada.
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Em 2024, Lucio Flavio assumiu a Aparecidense. No clube goiano, teve seis vitórias, cinco empates e oito derrotas, aproveitamento de 40%, mas acabou demitido durante a disputa da Série C.
Agora, a convite do ex-meia Marlos, novo CEO do São Joseense, e ao lado do diretor de futebol, Pachequinho, o treinador de 45 anos inicia o Estadual com o objetivo de liderar a equipe rumo a uma vaga na Série D de 2026.
Confira a seguir a entrevista exclusiva de Lucio Flavio para o UmDois.
Como foram as conversas com Marlos nesta chegada ao São Joseense?
Eu tinha recém-saído da Aparecidense e estava no Rio de Janeiro, passando um tempo com a minha filha, que mora na cidade. Para minha surpresa, recebi uma mensagem do Marlos, e a partir desta conversa fomos tendo um contato melhor.
Quando retornei para Curitiba, marcamos uma reunião e aí, de fato, me passaram quais eram as ideias, os projetos em relação ao São Joseense, com o Marlos passando a fazer parte do contexto diretivo.
E ele me disse que precisava de pessoas de confiança para este início.
Pelo fato de eu ser da cidade e já estar há algum tempo fora de Curitiba, foi um fator motivante, de poder voltar, agora em uma função diferente, não mais como jogador. Vi com bons olhos a possibilidade de encarar este desafio no São Joseense.
Qual foi a estrutura que você encontrou neste "novo" São Joseense?
Eu conhecia o Estádio do Pinhão, sabia do gramado sintético. Mas uma das questões que me chamaram a atenção é que nós teríamos um centro de treinamentos aqui na Borda do Campo, para que pudéssemos trabalhar em um campo de grama natural.
Eu entendo que você jogar em campo sintético tem lados positivos, para quem conhece o gramado, mas você treinar nele diariamente pode te trazer prejuízos também.
Então, ter essa sede própria, um CT, me agradou muito.
E hoje a gente consegue ter este espaço para melhorarmos o nível de treinamentos, foi uma escolha muito feliz do clube, um primeiro passo para uma boa projeção de futuro.
Como foi a parceira com Pachequinho na montagem do elenco?
A partir de nosso primeiro contato, o Marlos já me passou que o Pacheco faria parte como diretor do clube. E aí percebi a seriedade do trabalho. Conheço o Pacheco há muitos anos, não sabia que ele tinha mudado de função, mas foi algo que me agradou.
E já começamos a ter conversas em termos de montagem de elenco.
Muitos jogadores foram passados, alguns com os quais eu já tinha trabalhado no próprio Paraná e no Botafogo. Os que se encaixaram no perfil financeiro do clube foram contactados e alguns deram certo.
Qual a importância de ter em campo a liderança do zagueiro Dirceu?
É sempre muito válido você tentar equilibrar os seus elencos. Não ter só jovens e também não só experientes. Mesclar isso é interessante. O Dirceu já tem uma história no futebol paranaense. Já teve uma passagem no São Joseense.
Conhece bem o clube, sabe o que é vivenciar tudo isso e é hoje quem nos traz essa referência.
Não só para nós, mas para o próprio grupo, quando vê um jogador deste nível retornando para um projeto como este.
Tendo o CT e podendo dar uma estrutura melhor, pudemos convencer alguns jogadores que estavam em dúvida a aceitar este desafio no São Joseense.
Quais são as referências do Lúcio Flávio treinador? O que esperar do time em campo?
Sou da questão de observar o elenco que você tem. Tentar trabalhar em cima de características. Não tenho algo fechado. Claro que, por ter sido jogador de meio-campo, que sempre trabalhou a parte técnica, gosto de uma equipe que tenha condição de jogar, sem se desfazer da bola.
Hoje muito se fala do que o Guardiola fez, mas tivemos lá atrás treinadores que já implementaram isso. O próprio Telê Santana foi muito forte neste sentido de um jogo jogado.
Mas sobre minhas referências, principalmente por meu início de carreira, me apego muito ao Rubens Minelli e ao Otacílio Gonçalves [técnicos históricos do Paraná Clube].
São duas referências com as quais tive o prazer, mesmo que por pouco tempo, de trabalhar.
São treinadores que, lá atrás, já tinham esta característica. É claro que o futebol mudou e hoje temos mais opções de transmissões, mas para quem é da parte de 30, 40 anos atrás, sabe que muitos técnicos da época já tinham estas ideias.
Quais as perspectivas do São Joseense no Campeonato Paranaense?
O desafio é grande para o São Joseense, em razão de ter muitas equipes hoje com calendário anual. Este é o nosso objetivo também, buscar uma vaga nacional, na Série D, e vamos trabalhar em cima disso.
Sabendo, no entanto, que os clubes do interior se organizaram, melhoraram as estruturas e hoje colhem os frutos deste trabalho. Eles certamente vão trazer dificuldades para os clubes que demorarem a se estruturar.
Isso é bom para o Campeonato Paranaense.
A gente tem este ano desafiador, não apenas para o São Joseense, mas para os clubes grandes, em razão do 2024 de dificuldades que alguns deles tiveram, e certamente teremos que preparar bem os jogadores para conseguirmos nossos objetivos.