Neo Química Arena

Corinthians quer colocar arena na Bolsa de Valores e negocia venda com a Caixa

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Estadão Conteúdo
16/11/2023 18:14 - Atualizado: 16/11/2023 18:14
Neo Química Arena, casa do Corinthians
Neo Química Arena, casa do Corinthians | Foto: Rodrigo Gazzanel/ Corinthians

O Corinthians está em processo de negociação com a Caixa Econômica Federal pela venda de parte da Neo Química Arena, em São Paulo. A intenção do clube é se livrar do pagamentos de juros referentes ao financiamento da construção do estádio, mas sem abrir mão de ser sócio majoritário do empreendimento. A informação foi divulgada primeiramente pelo ge e confirmada pelo Estadão.

As conversas com a Caixa ocorrem há alguns meses. Caso o negócio avance, a expectativa é de que seja concluído em 2024, quando inicia a nova gestão. André Luiz Oliveira, candidato da situação, e Augusto Melo, da oposição, disputam o cargo de presidente, em eleições marcada para o dia 25. O clube deseja manter 51% das cotas do fundo de investimentos do estádio e disponibilizar 49% ao mercado financeiro.

A ideia é de que o banco estatal fique com um porcentual maior das cotas e uma parte menor seja oferecida a investidores na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Isso permitiria a qualquer investidor, incluindo torcedores de outros clubes, comprar ações da Neo Química Arena. Os donos das ações receberiam dividendos proveniente de todas as receitas do estádio (bilheteria, alugueis de espaços comerciais, eventos, etc).

A dívida do Corinthians com a Caixa é de R$ 611 milhões. Em julho do ano passado, a partes chegaram a um acordo para um projeto de quitação da pendência durante os próximos 20 anos. São R$ 300 milhões provenientes da negociação dos naming rights com a Neo Química e os outros R$ 311 milhões em prestações de aproximadamente R$ 16 milhões.

Novela sem fim

Em 2010, no aniversário de 100 anos do Corinthians, o então presidente Andrés Sanchez anunciou o projeto para a construção do novo estádio, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Na preparação para a Copa do Mundo de 2014 e com o imbróglio entre Fifa, a diretoria de São Paulo e o Morumbi para a definição do estádio sede da cidade para a competição, o projeto corintiano acabou, além de concretizar o "sonho da casa própria" da torcida, sendo definido para receber o Mundial no Estado.

As obras foram iniciadas em 2011 e o projeto estava orçado, inicialmente, em R$ 335 milhões, que se tornaram R$ 858 milhões e, mais adiante, R$ 1,2 bilhão, conforme a evolução das obras. Para arcar com os custos, o clube contraiu em 2013, pelo então presidente Mário Gobbi, empréstimo no valor de R$ 400 milhões com a Caixa, além dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CID) com a construtora Odebrecht. As obras, que estavam previstas para serem finalizadas em 2013, atrasaram. A arena foi inaugurada oficialmente em 18 de maio de 2014, menos de um mês antes do início da Copa do Mundo.

No projeto inicial, estava previsto que a arena fosse paga, majoritariamente, pela receita da bilheteria no estádio. O contrato inicial, feito via BNDES, tinha juros em torno de 9% ao ano, com aumento para 12% em caso de inadimplência. Para conseguir o financiamento da Caixa, o clube colocou como garantia do pagamento de R$ 420 milhões parte do terreno do Parque São Jorge. Em 2019, o banco e o Corinthians chegaram a um primeiro acordo verbal, que previa o pagamento de todas as dívidas até 2028.

Em fevereiro de 2020, o banco cobrou na Justiça o pagamento de R$ 536 milhões (o clube afirmava que o valor cobrado deveria ser de R$ 487 milhões), que decidiu pelo bloqueio das contas corintianas. Até março daquele mesmo ano, quando as competições em todo o Brasil foram paralisadas, o clube já não pagava mais as parcelas mensais do seu estádio à Caixa.

Em 2021, a gestão atual, de Duílio Monteiro Alves focou em diminuir os gastos, para gerenciar as dívidas do clube em primeiro lugar. Desde então, buscou junto à Caixa o acordo que garantiria o fim das dívidas da Neo Química Arena. Na última temporada, o clube teve renda por partida próxima a R$ 2 milhões.

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