Brasileirão bate recorde de troca de técnicos após a primeira rodada
O Campeonato Brasileiro de 2023 já bateu recorde. Na era dos pontos corridos, iniciada em 2003, jamais havia acontecido tantas trocas de técnicos após apenas uma rodada.
Quando a segunda leva de jogos começar, neste sábado (22), serão quatro nomes diferentes no banco de reservas em times da Série A. O maior número anterior era do ano passado: dois.
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A última mudança aconteceu nesta quinta-feira (20), quando Fernando Lázaro saiu do cargo no Corinthians. Ele continua no clube como auxiliar na comissão permanente.
Para mostrar que o futuro de Lázaro já havia sido selado antes de ele ser comunicado disso, 30 minutos após o anúncio da demissão, Cuca já era o novo treinador. O novo técnico vai assinar contrato até o final deste ano, quando também termina o mandato do presidente Duilio Monteiro Alves.
Cuca fecha, assim, o ciclo de treinar os quatro grandes do estado. Antes dele, Aymoré Moreira, Carlos Alberto Silva, Emerson Leão, Nelsinho Baptista, Oswaldo Brandão, Oswaldo de Oliveira e Rubens Minelli também trabalharam em Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.
A diretoria corintiana estava pressionada para trocar de comando desde a eliminação nas quartas de final do Campeonato Paulista, em casa, para o Ituano. A gota d'água foi a derrota, também na Neo Química Arena, para o Argentinos Juniors (ARG), nesta quarta-feira (19), pela fase de grupos da Libertadores.
Depois da partida, o gerente de futebol, Alessandro Nunes, sinalizava que a permanência de Lázaro, aposta da diretoria no início da temporada, seria difícil.
"Temos de levar em consideração os resultados, estamos em uma camisa em que o resultado precisa acompanhar o trabalho de qualquer profissional. Nós respiramos resultados no clube em que a gente está", disse o dirigente.
Na próxima semana, o Corinthians terá o jogo de volta contra o Remo, pela terceira fase da Copa do Brasil, na quarta-feira (26). No primeiro confronto, a equipe do Pará venceu por 2 a 0. No sábado seguinte (29), haverá o clássico diante do Palmeiras.
O sonho de consumo de Monteiro Alves era Tite, mas o treinador não tem interesse. Após deixar a seleção brasileira no final do ano passado, o desejo dele é trabalhar na Europa.
A demissão de Lázaro ocorreu 24 horas após Rogério Ceni ter deixado o São Paulo pelos maus resultados em campo e pelos problemas de relacionamento com o elenco. Dorival Júnior está perto de ser anunciado como o substituto.
Ao contrário do Corinthians, que estreou com vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, o São Paulo começou mal o Brasileiro. Perdeu pelo mesmo placar para o Botafogo. A dispensa de Ceni ocorreu após a vitória por 2 a 0 sobre o Puerto Cabello (VEN), pela Copa Sul-Americana.
Depois da primeira rodada, o Coritiba também mudou de treinador. Demitiu Antonio Oliveira. Quando entrar em campo contra o Fortaleza no domingo (23), será dirigido por Antonio Carlos Zago.
O Flamengo também terá uma mudança no comando para o segundo jogo no torneio. O interino Mario Jorge vai dar lugar ao argentino Jorge Sampaoli, contratado para substituir o português Vítor Pereira.
"Passaram muitas oportunidades para eu vir. Flamengo era o plano A, mais do que qualquer proposta da Europa. Decidi ficar aqui. Sou agradecido pela oportunidade", disse o argentino em sua apresentação.
A dança das cadeiras atual supera a do ano passado, quando Marquinhos Santos deixou o América-MG após a primeira rodada e Alberto Valentim, o Athletico.
Antes disso e a partir de 2003, nunca houve mais de uma mudança de técnico no intervalo entre os dois primeiros jogos do campeonato.
O número de 2023 ainda pode aumentar porque a diretoria do Atlético-MG está pressionada pela torcida para demitir Eduardo Coudet. O argentino foi citado como uma das possibilidades no Corinthians.
Uma semana antes do início da Série A e após perder o título estadual, o Goiás demitiu Guto Ferreira.
Em 2021, a CBF colocou item no regulamento do campeonato de que cada clube poderia demitir apenas um técnico sem justa causa durante a competição. Mas houve a brecha para as saídas em "comum acordo", expediente que passou a ser utilizado pelas equipes para driblar a regra. A limitação não consta nos documentos do Brasileiro deste ano.