Os feitos do presente e as glórias do passado
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Zinder Lins, o compositor 

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
14/03/2024 00:01 - Atualizado: 12/03/2024 17:39

Com todo respeito: não tem para Lupicínio, nem Lamartine. O hino mais belo de um clube de futebol é do Athletico, a obra-prima com de Zinder Lins e música de Genésio Ramalho, ambos ex-jogadores do Furacão.

O maestro Genésio foi um dos grandes band leaders da era das Jazz Bands e jogou no CAP no final dos anos 1930. Zinder era um senhor jogador e foi cinco vezes campeão em campo em 1929, 30, 33,34 e 36. Entre 54 e 55, foi treinador atleticano. Como compositor, porém, é imbatível. Tem apenas uma música registrada, mas vamos e venhamos... 

A base poética do hino e seu refrão acachapante surgiram no frenesi das comemorações do bicampeonato invicto de 1929/30. O texto, contudo, demorou décadas para chegar até sua forma final. Zinder foi lapidando até alcançar o mot juste, como fazia Gustave Flaubert: a versão imortalizada gloriosamente pelos vocalistas cegos, Titulares do Ritmo, e da banda do Corpo de Bombeiros da Guanabara.

Seu filho mais novo, Zainor, conta que o pai tinha orgulho de seu feito, mas talvez tenha falecido sem entender a dimensão que sua obra alcançou. A história vai falar dele pelos séculos e séculos sempre que alguém vestir a camisa rubro-negra do jeito que ele nos ensinou a fazer.

A contribuição de Zinder ao Athletico, porém, ultrapassou o hino e os títulos em campo. Nos anos 1970, ao ver parte dos troféus e itens da nossa história em perigo, ele ofereceu tempo e recursos próprios para cuidar e organizar o patrimônio do clube. Muito do que não se perdeu e um dia vai estar no museu do clube foi salvo por Zinder Lins. E quem seria um melhor guardião das glórias do nosso passado? 

Pessoalmente, Zinder era reservado e devotado à família. Servidor público dedicado, foi um homem de muita fé. Foi católico e depois mórmon, e nessa denominação ocupou cargos importantes na hierarquia eclesiástica.

Era sobretudo um fanático torcedor atleticano. Os filhos lembram dele invadindo o campo com a torcida na final do Paranaense de 1985 e comemorando o título no Pinheirão em 1988. O poeta maior do atleticanismo partiu em 1990, mas por causa dele eternamente vamos marchar sempre cantando o hino do Furacão. E no peito ostentando a faixa de campeão.

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