A lenda de Zé Roberto no futebol paranaense durou uma década que começou e terminou no Athletico. José Roberto Marques, o Gazela, despontou nos anos 1960 como um dos mais promissores jogadores surgidos depois de Pelé. Alto e aparentemente desengonçado, o jovem craque caiu nas graças de Vicente Feola, técnico do São Paulo e da seleção brasileira que disputou as Olimpíadas de Tóquio em 1964.
Quatro anos depois, Zé Roberto chegou no Furacão com 22 anos, como a cereja do bolo confeitado pelo presidente Jofre Cabral e Silva. Se não era consagrado como Bellini, Gildo e Dorval, tinha inegável categoria internacional e muito futuro. No pacote, porém, já trouxe a fama de “jogador problema” que gostava da boemia e não fazia conta para o dinheiro gasto.
Em campo, Zé Roberto logo se transformou em ídolo e com 24 gols foi o artilheiro do Campeonato Paranaense de 1968, o melhor certame de todos os tempos. O último gol desta lista ia levando a final até uma terceira partida de desempate, mas não foi bem assim como todos sabemos...
Zé Roberto, contudo, ficou para a histórica campanha do Robertão 68. Brilhou, mas não permaneceu no ano seguinte porque o Furacão não tinha os Cr$ 100 mil estipulados por seu passe. O clube até fez uma série de promoções e jogos amistosos para chegar no número mágico, mas não logrou e desistiu de Zé Roberto para o pânico de sua torcida.
Três semanas depois, uma bomba: Zé Roberto foi emprestado ao rival Coritiba, onde jogou como ninguém. Em 1977, aos 31 anos, voltou a vestir a camisa rubro-negra, mas não tinha mais condições físicas e decidiu parar após um jogo contra o Colorado, depois de se contundir nos primeiros minutos. O anúncio da aposentadoria foi feito um dia antes da morte de Elvis Presley.
No jornal Diário do Paraná, o colunista Renato Toniolo escreveu texto emocionado em que comparava o “Gazela” ao Rei do Rock, pois ambos seriam “anjos caídos expulsos do efêmero paraíso do aplauso”.