Sem alarde, como só acontece quando as futuras lendas aportam no clube, o gaúcho Tiago Retzlaff Nunes chegou ao Athletico em 2017. Aos 37 anos, ele vinha sendo monitorado como treinador promissor pelo Departamento de Inteligência e passou por uma espécie de exame admissional para ser contratado.
Com seus precoces cabelos brancos, Tiago Nunes já tinha rodado por 22 clubes de oito estados antes de chegar ao CT do Caju para, inicialmente, ser o treinador do time sub-17. Em poucos meses, o ex-jogador Paulo Miranda passou a ser um de seus auxiliares e logo, toda a comissão técnica foi promovida à categoria sub-20 que chegou a uma inédita semifinal de Brasileirão.
No ano seguinte, em função do bom trabalho, o clube promoveu Tiago Nunes a técnico do time de aspirantes e o resto, como sabemos, é história. Mesclando jogadores da base a outros mais experientes, o “Cotonete” criou uma forma de jogar que mudaria a trajetória atleticana. Com Santos, Léo Pereira, Renan Lodi e Bruno Guimarães, montou o “time de guerra” campeão estadual.
Quando Fernando Diniz foi demitido, Tiago assumiu a equipe de cima, que estava na zona de rebaixamento do Brasileirão, e novamente acertou a mão. O interino combinou a base vencedora construída no Paranaense com nomes mais rodados, como Pablo, Marcelo Cirino, Lucho González, Nikão e Thiago Heleno, além do recém-contratado Rony e do promissor Raphael Veiga.
Foi assim que o gaúcho ajudou a transformar uma temporada quase perdida no título inédito da Sul-Americana, em 2018, naquela dramática decisão por pênaltis contra o Junior Barranquilla, na Arena da Baixada. No ano seguinte, outras duas conquistas históricas: a Copa do Brasil e Levain Cup, além de um histórico 3 a 0 sobre o Boca Juniors pela Libertadores.
Com grande capacidade de comunicação, Tiago Nunes logrou uma conexão total com a galera rubro-negra. Mesmo após a atribulada saída no final de 2019, é tido como o maior treinador da história do clube para grande parte dos torcedores.
Desde então, seu nome provoca uma espécie de “sebastianismo” no coração de uma ala da torcida. Até hoje, os cornunistas esperam a volta do comandante de cabeça branca para reviver os melhores dias da vida do clube.