A foto de Ricardo Pinto sendo carregado nas Laranjeiras é meu voto para a imagem mais dramática do centenário. O sangue do goleiro manchando a camisa na altura do peito onde minutos antes ele batia para comemorar a grande vitória de virada sobre o Fluminense, time que o revelou, também era o de cada um de nós.
A batalha das Laranjeiras teve muitos culpados e vítimas. Entre estas, o orgulho do torcedor atleticano, a esperança real de título daquele time mágico e carreira do goleiro e então principal ídolo da torcida. Lembro da entrevista em que ele disse que o encanto que tinha desde menino pelo futebol terminou ali.
O goleiro capixaba Ricardo Pinto tinha chegado no ano anterior para ser um dos líderes do grupo que venceria a Série B. Carismático e comunicativo se tornou um dos rostos e uma das vozes principais da transformação do Athletico.
Por ter jogado em grandes clubes brasileiros, tinha o papel de exaltar o profissionalismo e a estrutura do clube nacionalmente. E cumpria tão bem como o seu verdadeiro ofício na pequena área com defesas plásticas e ornamentais e muita raça.
Em outra cena histórica, Ricardo Pinto acompanhava a demolição da Baixada quando teve a ideia de levar um pedaço dos tijolos para casa. Foi a centelha de uma sensacional ação de marketing do clube, que distribuiu os pedaços do sagrado caldeirão entre os sócios.
Nem todo mundo se lembra que, em 2001, Ricardo Pinto fazia parte da comissão técnica preparando Flávio, seu reserva em 1995. Assim, os dois guapos são os únicos que ganharam os dois títulos de Campeonato Brasileiro pelo Furacão.