A bola tocada por cima do goleiro Ricardo Pinto entraria mansa em nossas redes, mas Reginaldo deu um “salto no vácuo com chute lateral” para evitar o gol da derrota. Num jogo de turno do Paranaense de 1995, mais do que uma bola salva, a jogada foi uma prova de amor à camisa rubro-negra.
Custou caro para o Cachorrão: uma lesão no joelho que lhe tirou do resto da temporada em que seria, certamente, o titular do time que conquistou a Série B e voltou à Primeira Divisão. Mas Reginaldo era assim mesmo. Tenho certeza de que faria tudo de novo.
Zagueiro à moda antiga. Não era nenhum craque, mas tinha muita força, sangue forte e vigor sem jaça. E 1,85 m de pura adversidade para os atacantes adversários. “Até pode levar o drible, mas não deixa chutar”, resumiu Sicupira numa edição do clássico Mesa Redonda.
Nascido em São Jorge do Ivaí, chegou à Baixada em 1992 e logo se tornou a fera do time. Um raro ativo em época de vacas magérrimas, foi emprestado ao Guarani em 1993 em troca de outros cinco jogadores e uma parte em dinheiro. Voltou no ano seguinte e foi nosso xerifão até a lesão acima citada.
No ano seguinte, lutou na bela campanha no Brasileirão e, doravante, foi efetivado como capitão do time. Campeão paranaense em 1998, foi decisivo na temporada seguinte na conquista da Seletiva. Jogou muito na nossa primeira Libertadores e no Estadual de 2000.
Em seu grande lance com a camisa rubro-negra, porém, o Cachorrão estava sem chuteiras. Em fevereiro de 1997, Reginaldo mergulhou no túnel alagado dos vestiários do Pinheirão num jogo adiado por conta da chuva. Uma daquelas imagens que tem o cheiro de seu tempo.
Visto hoje, o “peitaço” do Cachorrão é todo simbologia. Ele foi um dos poucos jogadores que entraram de cabeça num Athletico enlameado no início dos anos 1990, mas conseguiram atravessar uma era escura da história e sair, ainda que meio lascado, de cabeça erguida no outro lado do túnel onde nos esperava uma período de glórias e conquistas.