Paulo Rink já era lenda das quadras quando comecei a jogar bola. Lembro de um técnico dizendo que ele seria o artilheiro de um campeonato [de futsal] só com os gols que fez de cabeça. Mas, ao contrário de outros da mesma época e quadras, ele não era outro canhoteiro habilidoso. Quer dizer, era também, mas não só: sabia usar a sua força para empurrar o caroço ao barbante.
Como torcedor, quem primeiro me falou dele foi o presidente Farinhaki. "A maior promessa da história da base". Tanto Paulo Rink estava no elenco símbolo do farinhakismo, o campeão de 1990, antes mesmo de servir ao Exército. Mas ele ainda demorou um tanto para estourar por aqui, precisou crescer e se desenvolver em Minas e, principalmente, em Santa Catarina, onde virou lenda.
Como todo o patrimônio atleticano em determinada época, o futuro de Paulo Rink no CAP esteve ameaçado, mas como sempre, não faltou um abnegado – no caso Ademir Adur – que pusesse a mão no bolso para pagar o passe de US$ 60 mil e mantê-lo na Baixada. Nessas idas e vindas, 1995 tinha que ser o ano de Rink e foi muito mais do que o esperado.
O artilheiro de sangue rubro-negro se consagrou ao fazer dupla com Oséas. Foi a mais entrosada dupla de ataque rubro-negra depois do Casal 20 e antes de Kleber e Alex Mineiro, mostrando que um raio pode cair até três vezes no olho do Furacão.
De todos os seus 84 tentos pelo CAP (números atualizados), destaco dois. A desabalada carreira na Vila Belmiro, em gol que o rei assinaria, e o gol redentor em Mogi-Mirim, que mostrou que o caminho que escolhemos rio acima estava certo.
Os anos 95 e 96 foram mágicos e inigualáveis e simbolicamente acabaram quando Paulo Rink foi vendido por muitos milhões de dólares ao Bayer Leverkusen, um dinheiro muito bem empregado no futuro do CAP.
Seu futebol pragmático com notas de fantasia, encantou os alemães e foi convocado para a seleção local usando o sobrenome do pai, Gerson, de quem também herdou o faro de gol. Lembro que quando ele estreou na seleção, brindei meu orgulho atleticano com um submarino no bar do Alemão.
Paulo Rink rodou o mundo, voltou em 2006 e não jogou mal, pelo contrário, mas decidiu se aposentar no ano seguinte no único jogo de despedida à altura de um grande ídolo atleticano.