Quando era lavrador, numa colônia perto de Ijuí (RS), o menino Paulo César Baier torcia para chover. Se o tempo mudava, os guris se liberavam da lida na roça e podiam jogar bola o quanto quisessem. Não por acaso, Paulo Baier foi o jogador da sua geração que melhor se adaptava aos gramados encharcados.
Mas o “maestro” foi muito mais: um dos ídolos da história recente do Athletico Paranaense. Mesmo sem títulos em tempos de estiagem e vacas magras, o meia foi decisivo em muitas dezenas de jogos nas cinco temporadas com a camisa 10 rubro-negra, quando pôs nada menos do que 65 bolas no barbante.
Sua passagem tem o óbvio peso da queda em 2011. Ele, contudo, foi fundamental na volta no ano seguinte. Quem não teve “teto preto” quando ele marcou o mais agônico dos gols dos últimos 20 anos contra o Coelho, aos 49 do segundo tempo, após um bate-rebate?
Seu auge foi em 2013. Aos 39 anos, comandou as campanhas de vice-campeão da Copa do Brasil e terceiro lugar no Brasileirão, no qual foi eleito o melhor meia e o primeiro jogador a fazer mais de 100 gols nos pontos corridos. Aquele time que tinha o arco (Baier), a flecha (Marcelo Cirino) e o veneno (Éderson).
Nas faltas perto da área, cada enxadada era uma minhoca. Baier tinha técnica própria, que aprendeu com o pai, que lembra o swing dos craques do golfe golpeando a bola no meio para colocá-la, sem peso, no ângulo.
Em 2014, saiu pela porta dos fundos, após o folclórico anúncio de sua renovação no intervalo do Atletiba em que fez os dois gols da virada. “Maestro” para muitos, o “véio” para outros, Baier divide opiniões.
Eu faço parte da ala da torcida que reconhece sua dedicação, carisma singular e gols. Hoje Paulo Baier vive em sua própria fazenda – quando não está comandando algum time na jovem carreira como técnico. E quando chove, ainda deve jogar bola com a piazada da colônia.