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Paulo Autuori, o reformador 

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
02/03/2024 00:01 - Atualizado: 02/03/2024 10:15

Após alguns anos de turbulência política e investimento pesado em tijolos, o Athletico parecia desacostumado a vencer no final de 2015. O último título local havia sido conquistado seis anos antes e, apesar da memória do bom ano de 2013, dentro do clube a sensação era de que 2016 seria o primeiro ano do resto da vida do Athletico.

Começou com o acerto de chamar Paulo Autuori de Mello para ser o treinador. O carioca é o treinador de sua geração mais atualizado ao futebol contemporâneo. 

Cidadão do mundo, nunca sabemos se está na Bulgária, no Peru ou em Portugal, onde começou a trabalhar ainda muito jovem na década de 1980. Quando apareceu no Brasil, foi campeão brasileiro e da Libertadores em dois anos, competição que venceu novamente em 2005, enfrentando o CAP na famigerada final da fuga.

Autuori chegou no Athletico para reformular o departamento de futebol e implantar uma maneira própria do clube jogar, valorizando a posse de bola, mais afinada com o que o futebol que se jogava no mundo. Há uma geração de treinadores que o tem como exemplo, pois além da mentalidade vencedora, Autuori tem classe suficiente para dar um esporro sem humilhar ninguém.

Em dois meses, seu time conquistou o Paranaense da melhor forma possível: um 5 a 0 no placar agregado contra o rival local. No Brasileirão, a sexta posição valeu a volta à Libertadores.

A partir dali, uma chave mudou no CAP. Passamos a acreditar que era possível disputar títulos de novo, mesmo que parte da torcida não concordasse que para jogar as competições internacionais fosse preciso “saber sofrer”, como o treinador pregava. Para a galera, quem tem que sofrer é o adversário, mas Autuori tinha alguma razão em seu evangelho particular. 

A sequência daquela temporada foi também a primeira das muitas vezes em que o Autuori delegou o comando técnico a alguém, pois preferia estar no cargo de diretor técnico do clube. Nunca deu muito certo. Quando voltou, no auge da pandemia em 2020, conseguiu colocar o time nos eixos e salvar do rebaixamento, mas também não quis se manter como treinador.

Entre as muitas apostas, ele escolheu Alberto Valentim e, ao fim e ao cabo, o projeto do bicampeonato da Sul-americana em 2021 foi um sucesso, como, aliás, foram suas passagens por aqui. Sempre que saiu, Autuori deixou um clube melhor do encontrou ao chegar.

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