Oséas escalando o alambrado da Baixada é o momento auge de um tempo inesquecível. Naquele sábado, dia 21 de setembro de 1996, a sempre equivocada torcida adversária achou que era boa ideia pegar no pé do “Gullit da Baixada”. Acharam errado.
O centroavante errou todas as jogadas na partida. Menos a última, quando recebeu, empurrou dois beques e deu o peteleco que o obeso goleiro contrário aceitou. A pelota escorreu na rede. Mansa como uma lágrima de amor.
Que dias aqueles, por Dios. Éramos jovens, a temperatura média do planeta era mais baixa, a internet era apenas uma possibilidade, e as tardes no Estádio Joaquim Américo Guimarães tinham uma energia incomparável. "Daaaa-le, Da-le, Da-le ô".
Oséas me foi apresentado por uma foto na Tribuna. Fui com a cara dele de primeira. O tempo provaria que os jogadores com dreadlocks ficam muito bem de rubro-negro (Dênis Marques, Doutor Clayton etc).
Foi o melhor centroavante que já existiu para organizar o ataque de cabeça, aparando um chutão da zaga. Ele tinha um drible imparável, uma ginga que dava pra ouvir. A pedra apertando o arame do berimbau. Completava Paulo Rink como uma luva.
Era o mais forte da turma, vencia qualquer zagueiro no ombro a ombro. Tinha faro de gol. Nos dois anos em que morou em Curitiba, curtiu a vida intensamente. Tinha um Camaro amarelo inconfundível na nossa night fria.
Soteropolitano, é filho de seo Manoel com dona Ana, e tem sete irmãos. Antes do CAP, jogou na Terceirona espanhola, no Sergipe e no Interior mineiro. Aqui, foi artilheiro da Série B, campeão e destaque do time mágico de 1996.
A Oséasmania proporcionou o melhor produto do nosso profícuo marketing: o Boné do Oséas. Quem teve terá sempre meu respeito eterno. As atuações de Oseas valeram três convocações para a seleção brasileira, mas eu acho que foram poucas. Sem Romário, o "Oseinha" da Bahia teria sido meu titular na Copa de 1998.