Envergando a camisa 10 rubro-negra, o canhoto e cerebral Nivaldo Carneiro foi meu primeiro ídolo no Furacão. Chegou ao clube no ano em que nasci, 1978, ao lado do meia Didi, com quem tinha sido campeão pelo Grêmio de Maringá no ano anterior, naquela que talvez seja a primeira “jogada pronta” contratada pelo clube.
Nivaldo, como Sicupira, também jogou oito anos no Furacão. No período, ganhou três títulos. Em 1982, fez um belo gol de fora da área na vitória de 4 a 1 contra o Colorado. No ano seguinte, foi o camisa 10 dos históricos confrontos contra o Flamengo pelo Brasileiro e nos Atletibas finais do Paranaense.
Já veterano, fez parte do grupo campeão de 1985, o último título da velha Baixada. Desta temporada, guarda gratidão eterna ao clube e, em especial, ao então presidente Valmor Zimmermann. Nivaldo tinha iniciado a faculdade de engenharia civil no Interior de São Paulo nos anos 1970 e naquele ano teve a oportunidade de reabrir a matrícula e concluir o curso na PUC (PR).
Para tanto, foi falar com “seo Valmor”, dizendo que queria permanecer no grupo, mas como não poderia treinar pela manhã para frequentar as aulas, preferia não receber o salário. O presidente o apoiou, liberou o futuro engenheiro para suas manhãs estudando cálculo e manteve o pagamento.
No final do ano, ele marcou o polêmico gol do “Atletiba das Faixas”, um amistoso que acabou ainda no primeiro tempo depois da confusão criada pelo rival para contestar a posição (legal, diga-se) do camisa 10. Dois jogadores foram expulsos e os coxas acharam que o melhor a fazer era um cai-cai para evitar a provável goleada. Nivaldo foi um dos grandes.