Em meus 45 anos respirando o Athletico, já conheci gente que contesta os feitos do presidente Mario Celso Petraglia. Que diz que Sicupira e Caju não eram tudo isso ou que Alex Mineiro teve apenas uma fase boa. Mas nunca conheci um atleticano que não amasse Nilson Borges.
O popular Bocão é o jogador mais identificado com a história rubro-negra. Afinal, foram 53 anos de dedicação total ao Furacão. Por mais da metade do tempo de vida do clube, tivemos a sorte de contar com Nilson Borges dividindo seu conhecimento com nossos jovens talentos, apagando algum incêndio interno que só ele percebeu, dando a sua tonitruante gargalhada para contagiar o ambiente nas horas boas e ruins.
Nilson Borges chegou ao Athletico em 1968, como uma das feras contratadas por Jofre Cabral e Silva, naquele ano revolucionário. Era um ponta-esquerda raiz. Tinha drible, força, velocidade e sabia chutar. Sobretudo, tinha a raça que o fez cair imediatamente nas graças da torcida. Foi o grande parceiro de Sicupira, com quem dividiu o protagonismo no título de 1970, mesmo após ter sofrido uma séria lesão na clavícula no início do campeonato.
Os dois amigos também foram os astros de um dos maiores jogos da história do clube, o Atletiba vencido por 4 a 3, de virada, em 1971, em que Nilson errou um pênalti, marcou dois gols, foi alvejado por foguetes coxas-brancas e fez chover no antigo Belfort Duarte.
Nilson encerrou prematuramente a carreira de jogador por causa de uma lesão no joelho, aos 33 anos de idade. Desde então, passou a trabalhar no Athletico, tanto nas categorias de base quanto no time profissional, nas funções de auxiliar técnico e técnico interino.
Esteve presente em todos os bons e maus momentos de metade da vida do clube. No ciclo vencedor do CAP no Século 21, do campeonato brasileiro de 2001 até o bicampeonato da Copa Sul-Americana em 2021, o querido Bocão finalmente conseguiu ganhar algum dinheiro no futebol. Seu falecimento em 2021 pôs de luto a nação atleticana, mas seu legado de amor ao Furacão será eterno.