O pernambucano Rinaldo Francisco de Lima, o Nem, jogou apenas um ano pelo Athletico. Tempo suficiente para eternizá-lo na história rubro-negra como o grande capitão da maior conquista do clube em 100 anos.
Nem chegou em janeiro de 2001 como aposta de risco: tecnicamente incontestável, tinha reputação de violento e boêmio, ainda que não se saiba que faltasse treinos ou tivesse machucado um colega.
No Furacão, logo se destacou pela liderança, mas quando o técnico Mário Sérgio saiu cuspindo marimbondo ("Ou o Athletico acaba com a noite, ou a noite acaba com o Athletico") o couro do xerifão ficou na berlinda.
A chegada de Geninho mudou tudo. O novo treinador usou a personalidade dentro e fora de campo de Nem para unir o grupo “que foi campeão com mais bandidos" segundo o próprio técnico.
Em campo, com modos de cangaceiro e atitude de mafioso russo, Nem foi quem melhor entendeu a dinâmica do esquema 3-5-2. Impecável na cobertura e antecipações, esbanjava categoria para sair jogando.
No vestiário em São Caetano, coube ao capitão a palavra final: “hoje ninguém faz gols na gente”.
Após sair do Athletico no ano seguinte, o melhor líbero do Brasil fez boas temporadas em Portugal antes de encerrar a carreira. Aposentado, se radicou em Curitiba, onde abriu bar temático dedicado Furacão e tatuou na panturrilha da perna direita (com a qual passou o rodo em muita gente boa) o momento em que ergueu o troféu de campeão brasileiro.
Para muitos torcedores, ao repetir o gesto imortalizado por Bellini naquele 23 de dezembro, Nem o substituiu com a camisa 3 na seleção de todos os tempos do CAP.