Não há referência em livros sagrados ou profanos de que Deus tivesse intenção de dar nome às coisas. Em quase todas as culturas, a história contada é que, como bom criador, limitou-se a criar. Fez o dia e a noite. O céu e os mares. Deixou a tarefa de dar nome aos bois e ao resto do conjunto aos homens e mulheres (que ele também criou).
Tudo isso para dizer que foi o labor e argúcia de um homem, o técnico Ruy Castro dos Santos, o famoso “Motorzinho”, que rebatizou o Athletico Paranaense como Furacão. O gaúcho do Alegrete, com nome de biógrafo, foi craque de bola nos anos 40. Assim que parou de jogar, foi trazido ao CAP a convite de João Alfredo Silva, presidente e pai do Jofre.
Era um treinador à frente do seu tempo na inteligência tática e um ardiloso construtor de jogadas ensaiadas, grande inovação no futebol paranaense da época.
Tinha, sobretudo, a melhor qualidade de um técnico, que é saber quem joga melhor em que posição. Parece simples, mas não é. Sob seu comando, o time rubro-negro varreu os adversários no campeonato estadual de 1949 e, pelo efeito devastador, o clube ganhou o temido e eterno apelido.
Naquele certame, a equipe venceu 11 dos 12 jogos e marcou 49 gols. Muitos deles foram marcados em jogadas arquitetadas nos treinos pela poderosa linha de ataque: Neno, Viana, Rui, Jackson e Cireno.
Motorzinho gostava muito de jogar baralho e consta que ele comandava a jogatina, à época legalizada, na sede do Athletico na Rua XV de Novembro, de onde dava vales do próprio bolso aos jogadores que estivessem com dificuldades financeiras. Figura adorável da Boca Maldita, foi técnico rubro-negro em outras muitas oportunidades até falecer em 1980.