Como escrevi no dia que ele pendurou sus botines: quando Lucho González chegou ao Athletico, o clube era outro. A camisa, o nome e o escudo eram diferentes, e a galeria de troféus tinha muito mais espaço. Sua contratação em setembro de 2016 foi crucial para uma mudança de mentalidade no ciclo vitorioso da segunda metade da década passada. Lucho trouxe o "si, se puede" para o léxico atleticano. Não é pouca coisa.
Com a camisa rubro-negra, Luis Oscar Gonzáles disputou 140 jogos, marcou oito gols e, no que sempre fez melhor, levantou quatro taças: Paranaense 2020, Copa Sul-Americana 2018, Levain Cup 2018 e Copa do Brasil 2019. Com esses troféus, o camisa 3 chegou a 29 títulos na carreira, que o deixam no top 5 dos campeoníssimos do futebol mundial por um bom tempo.
Jogador de hierarquia, foi exemplo para a geração de craques que despontava no Caju, como Santos, Léo Pereira, Renan Lodi, Bruno Guimarães e outros. Mesmo veterano, corria o campo todo com visão de jogo e inteligência, mesmo que parte da torcida o cobrasse para ser o craque habilidoso, arquétipo do jogador argentino no imaginário brasileiro.
Lucho era um jogador coletivo por excelência, e por isso o técnico Paulo Autuori, que o trouxe ao CAP, o chamou de "animal competitivo”. O único pesar de sua passagem no CAP foi a despedida sem público durante a maldita pandemia.
O treinador Carlo Ancelotti diz que o profissional de futebol bem-sucedido é aquele que, quando sai, deixa a instituição melhor do que era ao chegar. Pois o Athletico ficou maior depois da passagem do comandante Lucho González.