Nenhuma lista de atleticanos extraordinários estaria completa sem Ayrton “Lolô” Cornelsen. Arquiteto e encrenqueiro, Lolô foi jogador campeão de 1945. Lolô desenhou o distintivo mais bonito do clube. Lolô deu um tapa na cara do Major Couto Pereira num baile de carnaval. Lolô pensou o PAVOC, que após reviravoltas rocambolescas, acabou sendo ativo muito importante para a consolidação patrimonial do Athletico nos anos 1990.
Sobretudo, Lolô foi uma figura incomparável, genial, irrepetível na paisagem humana de Curitiba. Nascido em 1922, a exemplo de seus irmãos, nasceu torcendo para outro time da cidade, mas na adolescência percebeu que estava na turma errada e foi jogar futebol e basquete no Athletico. Atleta nato, também jogava polo aquático e praticava atletismo. E não fugia de uma briguinha.
Na década de 1940, passou a jogar no quadro aspirante Athletico e, em 1945, foi o lateral esquerdo titular do time principal que venceu um campeonato heroico, decidido em uma lendária melhor de três Atletibas. A vitória do jogo final – que Lolô jogou no sacrifício, de braço quebrado – veio com gol na prorrogação na casa do adversário.
Um ano antes, ele tinha mudado o distintivo do CAP. Em vez de triangular, com listras horizontais e um CAP no lado superior, desenhou letras mais estilizadas, mais grossas e entrelaçadas que foram a base do escudo usado até 2018. As mesmas também usadas no pequeno monumento em concreto na rampa que dava acesso à velha Baixada de tijolinhos que quem viu não esquece.
Já no outono da vida, o homem que projetou dezenas de autódromos mundo afora, inventou a caixa de brita e o elevador panorâmico, precisou superar uma pequena mágoa por não ter sido convidado a participar de nenhum projeto de construção da nova Arena. Inteligente como era, superou e seguiu atleticano fanático até falecer aos 97 anos muito bem vividos.