Já faz parte do roteiro das visitas informais ao boulevard da Baixada, mas acho que o clube deveria incluir na tour oficial: uma resenha com o ídolo Joel, o eterno carrasco dos coxas.
Não raro, nosso centroavante do bicampeonato de 1983 pedala 25 quilômetros de sua casa, no Bairro Alto, até o Água Verde, pois curte trocar uma ideia, dar umas risadas, tomar uma cervejinha, tirar umas fotos e falar do Furacão com o seu povo. E quem não curtiria?
Com a missão de substituir Washington e recém-saído da base, o catarinense Joel Raimundo da Silva foi o grande nome do futebol paranaense naquele ano. Artilheiro rubro-negro com 12 gols, 33,3% marcados em cima dos coxas que apostavam em Dadá Maravilha para evitar nosso bicampeonato.
Mas foi Joel quem deu a solucionática, marcando um gol nas redes amarelas do Couto Pereira em cada jogo das tensas partidas finais. Gols que são algumas das minhas primeiras e nítidas memórias. Na ida, antes de fazer o gol que valeu, tinha marcado um com a mão de Deus, mas o árbitro anulou e o pau comeu. A PM entrou em campo, mas ninguém foi expulso. Bons tempos.
No lance que nos deu a vitória, empurrou a bola para dentro durante bate-rebate medonho e saiu provocando as sociais do Couto Pereira. No jogo da volta, marcou de cabeça com estilo e classe e já era.. Com sua pinta de bad boy juvenil de cabelo enrolado e 1,83 m de altura, tinha um fã-clube da torcida feminina. Era, contudo, carne de pescoço em campo e não aliviava com a zagueirada.
Nos anos seguintes, Joel rodou o Brasil e voltou duas vezes ao CAP, em 1985 e 1988. Com seu jeito simples, tem muita história para contar do lado B da bola. Quem ainda não trocou ideia com ele na Baixada, não perca tempo. Nosso carrasco sabe ser gente boa como sabia fazer gols nos coxas.