Seis dias depois da publicação da Lei Áurea, nasceu em Marechal Floriano (AL), o menino João Alfredo Silva. Órfão da mãe desde o parto, foi criado por um tio padre até ter idade para o Exército. O endereço de uma tia-avó e alguma intuição o fizeram optar por servir em Curitiba, onde chegou sem bagagem numa viagem que durou cerca de um mês.
Nas décadas seguintes, seu ímpeto realizador mudaria a cara da cidade e do Athletico. Como o tio que o recebeu era funcionário dos Correios e Telégrafos, o soldado Silva aprendeu o Código Morse. Quando deu baixa, encantado com comunicação e tecnologia, fez parte do grupo de radioamadores que fundou a Rádio Clube Paranaense, em 1924.
Casou-se com a Isaura Cabral, filha do coronel dono da Fazenda que hoje dá nome a um bairro em Curitiba, e logo prosperou no ramo comercial e da contabilidade. Com 40 anos, já pai de três de seus quatro filhos, formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Paraná. Foi diretor de vários hospitais e fundou outros.
Aos 59 anos, tornou-se presidente do Athletico e deu início à construção do primeiro ginásio de esportes da cidade, atrás do gol da Rua Buenos Aires, lugar com muita história.
No ano de 1948, com seu filho Joffre Cabral e Silva como diretor de futebol, deu sequência à profissionalização do clube com jogadores de renome como Wilson, Waldir e Sanguinetti, além de trazer o notável Motorzinho para comandar o elenco que, a partir do ano seguinte, conquistaria epíteto eterno do clube.
João Alfredo já não era o presidente em 1949, pois se licenciou por um problema de saúde da esposa, que obrigou mudança ao Rio de Janeiro. Seu legado, porém, mudou a vida do Furacão.
De sua estirpe, o filho Joffre e o neto Nélson Fanaya foram presidentes, enquanto o bisneto Nélson Fanaya Filho foi o capo do marketing rubro-negro nas campanha Atletico Total, Atletico 3000 e no rebranding de 2018, entre outras aventuras.