No final dos anos 1990, não raro, eu encontrava o zagueiro Gustavo nas noites do lendário Empório São Francisco, quando bandas da cidade como Relespública e Black Maria lotavam a casa. Numa inimaginável proximidade com o torcedor, o beque de 1,90m de altura se destacava na paisagem rock’n’roll, enquanto a maioria de seus colegas devia estar aproveitando a folga em casas de pagode.
Não era só o gosto musical que distinguia Gustavo Caiche. Desde que chegou ao Furacão em 1998, foi um colecionador de títulos. Foi campeão paranaense em 98, da Copa Paraná e da Seletiva 99 e foi tricampeão estadual em 2000, 2001 e 2002. No primeiro caneco do tricampeonato, fez o gol do título contra os coxas e acabou expulso na comemoração.
No histórico 3-5-2, Gustavão era o stopper destro, o zagueiro pela direita que se mandava para o ataque. Nas partidas finais, foi decisivo em gols contra o São Paulo e Fluminense, finalizando de canhota, na área, bolas que sobraram para Alex Mineiro marcar.
A contusão que sentiu no primeiro jogo da final contra o São Caetano, em condições normais, lhe exigiria semanas de recuperação. Mas, a pedido do jogador e de Geninho, o médico Edilson Thiele passou por cima de seus próprios protocolos e aplicou uma infiltração anestésica em Gustavo que, como sempre, jogou muito.
Curiosamente, Gustavo não está na foto oficial do título, pois estava trocando de chuteiras na hora da pose. Mas mesmo com o joelho avariado, ele pode ser visto 90 minutos mais tarde na grade do Anacleto Campanella comemorando em seu estilo headbanger com a galera rubro-negra a estrela dourada que ele ajudou decisivamente a conquistar.