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Djalma Santos, o mito 

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
14/02/2024 00:01 - Atualizado: 13/02/2024 17:49

Tenho um amigo que diz que a camisa rubro-negra nunca vestiu alguém tão bem quanto Djalma Santos. Eu concordo. Algumas das melhores imagens do nosso centenário são dele posando ou jogando com nosso fardamento. Pois Djalma era a encarnação da supremacia elegante no tempo em que éramos os reis do futebol mundial.  

Nascido Dejalma do Santos, o menino paulistano nasceu para jogar bola, mas queria ser da aeronáutica quase como o pai que era soldado.

Órfão de mãe, foi criado por uma irmã em um pequeno porão no bairro da Parada Inglesa, em São Paulo. Ainda adolescente, trabalhava numa fábrica de sapatos e teve um acidente que deixou uma de suas mãos deformada. Por isso, não serviu a força aérea e escolheu o futebol – que já o havia escolhido.

Começou a carreira na Portuguesa em 1948 e jogou lá até 1955. Assim que começou a ganhar bem como jogador, pediu para que a irmã que o criou parasse de trabalhar e passou a sustentá-la. Até hoje, é o segundo jogador que mais vestiu a camisa lusitana. Foi transferido ao Palmeiras, onde jogou de 1959 a 1968, e foi capitão, ídolo do time que ficou conhecido como Academia.

Na Seleção, Djalma Santos esteve em quatro edições consecutivas de Copas do Mundo 1954, 1958, 1962 e 1966. No primeiro título brasileiro, Djalma não foi titular no onze embranquecido que começou o torneio – Pelé e Garrincha também não foram de início. Jogou só a final, mas foi escolhido como o melhor lateral-direito da Copa, como já tinha sido na anterior e seria na seguinte.

Tinha físico de “vaca premiada” para marcar e apoiar. Força para bater o lateral na marca do pênalti como nenhum outro jogador tinha feito antes dele. Com habilidade de malabarista no trato com a bola, tinha uma “jogada-assinatura”: recebia de costas dava um taquito para colocar o spin no balão esférico que lhe cobria a cabeça e se apresentava mansa a seus pés.

Em 1963, foi recebido pela Rainha da Inglaterra no Palácio de Buckingham, como representante brasileira da seleção da Fifa.

Para glória eterna do CAP, veio encerrar a carreira na Baixada em 1968 no time que disputou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao lado de outros jogadores de renome contratados pelo presidente Joffre Cabral e Silva que nunca viu Djalma jogar, pois faleceu antes de sua estreia. 

Foram três anos históricos no Furacão. O ponto alto foi a conquista do título paranaense em 1970. Sicupira, que o amava, me contou muitas histórias dele – pena que não posso publicar a maioria. Grande gozador, Djalma era o rei da resenha em todos os clubes que passou.

Em 1970, como todos os campeões mundiais com a seleção, Djalma ganhou uma concessão para abrir uma lotérica no centro de Curitiba e fez de Sicupira, Nilson Borges e Valtinho seus sócios.

Em janeiro de 1971, decidiu se aposentar em um jogo que foi um grande acontecimento na cidade. Depois do 0 a 0 contra o Grêmio, Djalma deu uma volta olímpica na Vila Capanema, descalçou as chuteiras e as entregou para Everaldo, lateral adversário que havia sido campeão mundial com a seleção em 1970. No dia seguinte assumiu como técnico. Mesmo com alguns bons momentos, não gostou da nova função e se aposentou de vez anos depois.

Um dos maiores orgulhos do centenário do Athletico é ter sido a última casa de um mito do futebol mundial chamado Djalma Santos.

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