No Brasil do começo do século 20, perto da data de fundação do Athletico, cada casa de classe média brasileira tinha um piano. Na sociedade de então, a maioria das moças prendadas tocava piano e quando se casavam o levavam como dote a seus novos lares, já que eles podiam servir como ativo financeiro em momentos difíceis.
Para fazer circular o instrumento caro e, digamos, não-portátil, surgiu o ofício dos “carregadores de piano”: grupos de homens fortes e bem-dispostos que faziam os pianos chegarem aos palcos e salões para que os artistas pudessem brilhar.
Logo a expressão migrou para o léxico do incipiente futebol brasileiro para definir os jogadores esforçados, os operários, os que não aparecem para a torcida, mas que são indispensáveis para o funcionamento de um time.
Todo este preâmbulo para falar do último grande carregador de piano da história do Furacão, o volante Deivid “Coquinho”, que durante 13 anos, entre a base e o time profissional correu maratonas e fez o serviço sujo na cabeça da área para ajudar o CAP.
Nascido em Londrina, Deivid Willian da Silva chegou no Athletico em 2005, vindo como muitos destaques da época categorias de base do PSTC. Só saiu do Furacão em 2018, um pouco antes do ciclo copeiro do clube, mas em tempo de conquistar dois títulos regionais 2016 e 2018. Ao todo, foram 291 jogos e seis gols marcados, além dos incontáveis carrinhos, roubadas de bola, cartões amarelos, faltas táticas e chutes bloqueados.
Quando parou com a bola, Coquinho mudou, sem escalas, do gramado para as arquibancadas da Baixada, onde o povo reconhece os muitos anos de trabalho duro e coadjuvante em prol da causa atleticana.