Como as melhores cervejas da região, Cireno veio de Ponta Grossa para Curitiba. Jogou no Athletico por uma década, entre 1942 e 1952 e conquistou os Estaduais de 1943, 1945 e 1949, este último, com o temido Furacão. Sensação do futebol princesino, cobiçado por clubes do Rio de Janeiro, o atacante escolheu o Rubro-Negro pela possibilidade de seguir estudando e arrumar um emprego paralelo ao futebol. Foi o que aconteceu, o menino caipira se formou em direito e fez carreira na Caixa Econômica Federal.
Antes, foi lenda dos gramados. Se atacante bom marca na estreia, monstros sagrados como ele começam com um hat-trick na primeira partida contra o E.C. Brasil. Rápido e driblador, Cireno era destro, mas jogava aberto na ponta esquerda. Cortava para o meio para bater no gol e geralmente acertava. Balançou as redes 114 vezes pelo Atlético, o que o coloca como o quinto maior artilheiro da história do clube, pouco atrás de seu parceiro Jackson.
Em 1950, chegou a ser convocado para a seleção brasileira para participar de um período de preparação de 25 dias, em Minas Gerais, antes da Copa do Mundo no Brasil. No entanto, ele acabou cortado do elenco do Mundial. Teria evitado o famigerado Maracanazo? Pode ser. Cireno era ardiloso e catimbeiro, características que faltaram no escrete nacional e sobraram nos charruas da Celeste Olímpica.
Sua irreverência entrou para a história no célebre “Atletiba dos 8 minutos", em 1946, quando Cireno foi buscar a bola dentro do gol após o empate atleticano e arrancou o gorro de Belo, o calvo goleiro do Coxa. Quizumba formada e Belo foi expulso e o Coritiba, em protesto, deixou o campo pela primeira vez contra o Furacão. Cireno seguiu fazendo história no clube na comissão técnica, na diretoria financeira e nas arquibancadas até falecer aos 89 anos.