Meus pensamentos tomam formas e eu viajo no tempo quando penso em Carlinhos Sabiá. Se o futebol é o único brinquedo de infância que levamos para o resto da vida, Carlos Alberto Isidoro foi o craque da minha geração. Aquele tipo de jogador excepcional que deixa marcas profundas na história do clube, dos torcedores e na própria narrativa do futebol de seu tempo.
Quem nasceu entre o fim da carreira do Sicupira e o aparecimento do Casal 20, pegou o auge de Carlinhos entre seus 10 e 15 anos sabe que nesse tempo ele “foi” o Athletico. Carlinhos chegou em 1987 e ficou até 1993, entre idas e vindas. Seja como o lépido ponta direita ou como um cerebral camisa 10, Carlinhos teve participação em momentos notáveis naqueles anos.
Era o craque do time campeão de 1988 e, portanto, sobrou para ele o pênalti decisivo no último minuto do segundo jogo da final. Mas errou. O título foi adiado e o Sabiá chorou copiosamente no Pinheirão. No domingo seguinte, o Furacão ganhou e ele sorriu e puxou o pagode do título.
Era ainda o craque em 1990 quando deu a assistência a Dirceu no jogo final. Antes, tinha marcado o primeiro gol da história contra o Paraná Clube. Inesquecível mesmo foi sua “última dança” em um Atletiba disputado em 21 de junho, em 1992.
No meio do segundo tempo, o jogo já estava 3 a 0 para o Furacão. Carlinhos foi substituído, tirou a camisa 10, modelo Proonze, e passou a girá-la por cima da cabeça enquanto corria em direção à Torcida Organizada Os Fanáticos. “Carlinho, Carlinho”, todos cantavam. Assim mesmo, sem o "s". para demonstrar que era o povão quem o amava.
Era para ser a despedida até nunca mais, mas Carlinhos voltaria no ano seguinte, pois o Athletico era o “lugar todinho seu”. Encerrou a carreira após formar no efêmero timaço de 1993, um quadrado de ataque responsa com Vivinho, Cristóvão e Renaldo. Hoje, Carlinhos é empresário de jogadores e já representou ninguém menos que Alex Mineiro.
Feliz a minha geração que aplaudiu sua majestade, o Sabiá.