Do meu ponto de observação do mundo (Getúlio Vargas inferior, setor 108), percebi que Bruno Guimarães jogava com uma cartola mágica de onde tiraria muitas coisas, logo em seu primeiro gol contra o Rio Branco no Paranaense de 2018.
Aquele time de aspirantes virou o “time de guerra” à medida em que seu craque começou a dominar o perímetro do campo com seu repertório incomparável de truques e habilidades.
O pequeno bruxo havia chegado em maio do ano anterior com a bênção de outro mago, o mestre Antonio Carletto Sobrinho, o Sicupira dos olheiros. Sem alarde, como costuma acontecer com nossos grandes ídolos.
Tinha 19 anos e um contrato de dois anos para se firmar como jogador profissional. Bruno Guimarães Rodrigues Moura foi e será para sempre a melhor invenção de Fernando Diniz.
Na escolha da numeração permanente em 2017, lhe coube magicamente e poeticamente a camisa 39, justamente a dezena usada para identificar o carro que o pai dele usava há 21 anos como taxista no Rio de Janeiro.
Bruno é menino do Rio, mas não das praias da zona sul; é menino de São Cristóvão, o bairro suburbano onde vivia a família imperial. Sua esperteza é real. Com a 39, disputou 106 jogos e marcou dez gols. Foi peça crucial nos títulos do Campeonato Paranaense 2018, Copa Sul-Americana 2018, Levain Cup 2019 e Copa do Brasil 2019.
Fez gols decisivos, deu assistências e passes perfeitos, se entregou totalmente em campo e sempre mostrou comportamento extracampo impecável no mundo real e digital. Assim, Bruno se consolidou como o primeiro ídolo atleticano da Geração Z, nascida entre 1995 e 2010, atualmente com 19 a 29 anos.
Aquela moçada que nasceu conectada e com um celular na mão. Que não gosta de perder tempo. Que sabe processar rápido e se autodeterminar analisando muitos dados.
O futebol de Bruno é big data. A mancha de calor é o campo todo: desarma na área e faz o gol decisivo na outra. Média de passes certos acima dos 90%. A simplicidade como mais alta forma de sofisticação.
Foi assim que BG decidiu a final do Rural 18 contra os coxas – e que foto linda sobrou daquele dia. Assim, ele atravessou o campo do Maracanã contra o Fluminense para fazer o gol da vitória e nos colocar na final da Sula.
Mesmo Maracanã onde um ano depois, pedia para os companheiros darem a bola nele e bateu o pênalti decisivo com a calma de quem joga uma pelada na praia. Foi assim que ele tirou de seu magic hat o gol que decidiu o difícil jogo contra o Internacional na ida da Copa do Brasil.
Bruno é o mais talentoso, mais completo e carismático jogador surgido no Athletico no século 21. Hoje é um dos craques da Premier League e também da seleção. Não há limites para a magia do nosso bruxo da 39.