Não dá para contar a história do Paraná no século 20 sem falar de Aníbal Khury. Tampouco a história do centenário atleticano. Filho de libaneses, nasceu no mesmo ano da fundação do clube e, assim como eu, em Porto União (SC).
Político desde os anos 1950, teve o mandato cassado em 1969 com base no AI-5 e caiu num limbo que duraria dez anos. Eis que entra o Athletico. Aníbal – que seria a figura central da política paranaense durante as décadas seguintes – foi reconduzido ao picadeiro político pelo Furacão, eleito no final de 1975.
Sua gestão começa com o fim da era Sicupira e com surgimento da “retaguarda atleticana”, movimento que iniciado como uma união de notáveis para cobrar mudanças no clube que passou a ser um fundo informal para honrar dívidas e, mais tarde, virou uma "fábrica de presidentes".
Aníbal era uma raposa tão felpuda que conseguiu o apoio da retaguarda, mas teve mais baixos que altos em campo. Deixou à posteridade uma frase lendária:
“Fiz o meu curso de pós-graduação em política no futebol. A diferença é muito grande. Entre mil pessoas, 995 entendem de futebol. Em política, 995 não entendem de política. No futebol, eu estava nos 5% que não entendia".
Depois do Athletico, Aníbal voltaria ao Centro Cívico acumulando mais poder do que nenhum outro político jamais sonhou. Enquanto dava as cartas no Paraná, teve participação decisiva no processo de desapropriação do PAVOC para abertura de um canal no Rio Iguaçu, que é o rio que passa na nossa aldeia.
Quem ouviu o excelente podcast "Senhor da Razão?", está sabendo dos pormenores desta operação. Quem não ouviu, corra que dá tempo. Quando Aníbal morreu em 1999, uma bandeira rubro-negra foi colocada no caixão do ex-presidente no velório no Palácio Iguaçu.