Alfredo Ramos chegou ao Athletico em maio de 1969 a convite do amigo Djalma Santos para ser o arquiteto de um dos mais importantes títulos da história do clube: o campeonato paranaense de 1970, uma ilha cercada de 25 anos de derrotas (tempo decorrido entre os títulos de 1958 e 1982).
Nascido em Jacareí (SP), Alfredo se destacou como lateral esquerdo do Santos, São Paulo e Corinthians e foi um dos convocados para a Copa do Mundo de 1954, disputada na Suíça. Ganhou o apelido de Polvo, em razão de suas pernas finas que usava “como tentáculos para desarmar pontas adversários”.
Homem tranquilo, mas disciplinador, tinha coragem para tomar decisões impopulares. Implicava com o que chamava de jogador “disco voador”: aquele que todo mundo vê, mas ninguém acredita.
Mostrou que manjava de bola na primeira semana no Furacão quando puxou para o time titular Alfredo Gottardi Jr. Meia de origem, o filho do mítico Caju foi reposicionado na zaga por seu xará. Dando esses passos para trás se tornou um dos melhores zagueiros da história do Athletico.
No anos seguinte, o Polvo liderou a conquista heroica do título de 1970 pelo rubro-negro contra todos os prognósticos. Em entrevista ao site Furacão.com, em 2005, ele contou que sua missão primeira era evitar o rebaixamento, pois o super time de estrelas do ano anterior precisou ser desmontado e a estrutura do clube era bastante precária.
O Polvo, contudo, usou seus contatos no underground do futebol paulistano para reforçar o elenco, além de achar improváveis soluções caseiras para um elenco enxuto e barato, mas com craques como Sicupira e Nilson Borges. “Foi um título impossível”, disse. “E se não ganhássemos, sabe-se lá onde o Atlético estaria agora”, concluiu.
A memória deste grande trabalho fez com que o nome de Alfredo Ramos fosse sempre lembrado para assumir o clube em momentos de turbulência nos anos seguintes. Aconteceu outras três vezes com destaque para a campanha de 1977 quando o CAP venceu o primeiro turno contra o maior rival, com um histórico gol do atacante Cabral.