Quando ouço a expressão “requintes de crueldade”, velho clichê do velho jornalismo policial, a imagem que me vem é a do lateral Alberto dominando a bola nas costas frente às perplexas sociais do Couto Pereira.
No placar agregado daqueles dois Atletibas da Copa Sul de 1999, o placar foi de 6x1 para o Athletico. Ante tamanho domínio, Alberto não precisava ter matado a bola com a medula, mas ele sabia fazer e tinha certeza de que o povão ia gostar, então foi lá e fez. Mais ou menos como Jimi Hendrix tocando a guitarra com os dentes. Coisa de artista e Alberto, como lateral, está nessa categoria.
O mineiro Alberto Valentim chegou ao Furacão em 1996. Habilidoso, veloz e criativo, com seu cruzamento bumerangue, se destacou como "garçom" de Paulo Rink e Oséas na campanha do Brasileiro de 1996. Foi e voltou ao clube algumas vezes até 1999, quando foi vendido ao futebol italiano para jogar na Udinese. Em 2008, voltou para encerrar a carreira no Athletico e ser campeão paranaense no ano seguinte.
Foi no Athletico, em 2011, que ele começou sua carreira de auxiliar-técnico no próprio Rubro-Negro. O mundo girou e 10 anos depois, quando Paulo Autuori decidiu que não queria mais ser técnico na reta final do calendário de 2021, Alberto assumiu o Athletico com uma agenda que programava, especialmente, a semifinal da Copa do Brasil, contra o Flamengo, e na finalíssima da Sul-Americana, contra o Red Bull Bragantino.
Com a vitória histórica no Maracanã, despachou o Urubu, mas não resistiu ao Galo mineiro nas finais. Antes, porém, conquistou o título de campeão da Sul-americana numa tarde perfeita em Montevidéu e assim subiu de patamar na história rubro-negra como treinador campeão e jogador histórico.