Não era feitiçaria, mas ciência e arte puras. Leitura de mentes cujo princípio é controlar a linguagem corporal do oponente expressa, principalmente, pela face. Cada emoção muda a musculatura do rosto e o movimento dos olhos entrega como o corpo vai se comportar. O cobrador escamoteia o chute, o goleiro desaba para um lado, a pelota é rolada para o outro.
Era assim que Alan Bahia batia pênaltis com a camisa do Athletico. Fardamento que dava musculatura ao volante que entrou para a história como o jogador que mais o usou, 364 vezes, como uniforme de trabalho na era profissional dos cem anos do Furacão.
Nascido na mesma Itabuna de Jorge Amado, Alan Pereira Costa chegou ao Athletico com 14 anos e passou por todas as categorias de base. Estreou em 2002 e jogou mais 10 anos, até 2012, numa trajetória de 16 anos dedicados ao Rubro-Negro.
Seu grande momento pelo Furacão foi em 2008. No Paranaense, fez o gol da vitória no Atletiba. No Brasileiro, foi capitão e vice-artilheiro do time com impressionantes 13 gols. Foi neste ano que Alan Bahia levou a paradinha na cobrança de pênaltis às últimas consequências. Escrachou tanto os grandes goleiros daquele tempo que provocou a proibição do artifício.
Mesmo baixinho, Alan Bahia gostava de fazer gols com a cabeça que adornava cortes de cabelo extravagantes. Foi vice-campeão nacional e da Libertadores, mas não ganhou o Estadual de 2009, pois foi emprestado ao Vissel Kobe, do Japão, mas marcou época como um dos primeiros “piás do Caju”.
Tanto que no Bar do Toninho, tradicional reduto atleticano, quando a roda de violão ainda está esquentando, o pessoal sempre canta: “Ai, mas que saudade do Alan Bahia... Ai, se eu escutasse o que mamãe dizia...”