Para abrir o especial do centenário do Athletico, nada melhor do que explorarmos um tema que mexe com qualquer torcida, o gol. Gol não, golaços – no plural e no aumentativo.
Assim, listamos os dez tentos mais bonitos da história rubro-negra. Um corte, no entanto, se faz necessário e este top 10 só tem gols registrados em vídeo. Confira abaixo e deixe sua opinião nos comentários!
1. O cartão de visitas de Sicupira
Athletico 1 x 1 São Paulo - 02/09/1968 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa
O primeiro gol do maior artilheiro da história do clube não é um gol qualquer. Aos 40 minutos do segundo tempo da estreia no Robertão de 1968, contra o São Paulo, na Vila Capanema, Sicupira, ainda sem bigode, aproveitou uma rebatida do goleiro Picasso, posicionou o corpo e deu a bicicleta perfeita para anotar o primeiro de seus 158 tentos com a camisa rubro-negra e iniciar sua incomparável lenda.
2. Madureira enfileira quatro
Athletico 3 x 2 Santos - 08/09/1968 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa
Seis dias depois, no mesmo estádio e torneio, o ponta de lança Madureira recebe a pelota na meia esquerda e deriva ao comando do ataque numa carreira em que enfileira a zaga de craques santistas.
Primeiro Joel Camargo, depois o futuro capitão do Tri, Carlos Alberto. Então, chega a vez do argentino Ramos Delgado ficar para trás, antes apenas do goleiro Cláudio. A finalização foi uma bomba que o lateral Rildo, inutilmente, ainda tentou defender com a mão. Obra-prima.
3. A obra-prima de Dênis Marques
Atletico 4 x 0 Paraná Clube - 28/10/06 - Campeonato Brasileiro
O gol mais bonito do século 21 só podia ser do silencioso “craque dos golaços”. Dênis Marques recebe no bico direito da área, gol dos fundos da Baixada e numa coreografia diabólica passa a empilhar adversários numa sequência de dribles impossíveis.
¿De qué planeta viniste para dejar en el camino a tanto paranista? O gol virou vinheta de programa esportivo e abertura de videogame, mas merecia mesmo o Prêmio Puskas.
4. Gol coletivo com passe e letra
Atlético 4 x 1 Nacional - 25/10/06 - Copa Sul-Americana
Três dias antes, Marcos Aurélio anota um antológico gol de construção coletiva contra o Nacional, do Uruguai. Um contra-ataque armador por Erandir ao servir o endiabrado baixinho cuiabano que leva dois marcadores e passa para Dênis Marques.
Este, num mágico toque de letra, acha Cristian. O volante recebe na área e toca para Marcos Aurélio estufar a rede do guapo Viera, não sem antes deixar o beque Jaume sentado. Depois do jogo, seus companheiros pediram uma placa para o gol na então Kyocera Arena. Merecia.
5. Joãozinho e seu arco parabólico
Atlético 4 x 0 Ponte Preta - 18/09/1986 - Copa Brasil
Joãozinho chegou no CAP em 1986, aos 32 anos. De tão habilidoso, driblava um beque dentro de um elevador. Destro, de meia arriada, jogava na ponta esquerda. Elegante, era chamado de bailarino.
Numa noite mágica, Joãozinho tabelou com Agnaldo, invadiu a área do gol da igreja do Couto Pereira e deu uma cavada viperina, enjoada, cujo arco parabólico foi só o necessário para deixar o goleiro Sérgio sem ação enquanto a bola escorria no barbante. O gol mais bonito dos anos 1980.
6. A cavadinha de Matosas na Estradinha
Rio Branco 3 x Athletico 3 - 28/04/1996 - Campeonato Paranaense
Clássico da “geração Mesa Redonda”: o dia em que don Christian Gustavo Matosas Paidón uniu classe celeste aos huevos charruas no areião da estradinha em Paranaguá. No lance exótico, Matosas roubou a bola aplicando um zempo kaiten ukemi, o rolamento frontal do judô e encheu de lama sua linda camisa branca. O beque tentou cortar de bico, mas a bola rebateu nas nádegas uruguaias e aquaplanou numa poça sobre a meia-lua. Impávido, Matosas levantou-se e com um leve toque, de alta categoria, encobriu o goleiro Claudinei.
7. Kelly brilhou e Lucas assinou
Athletico 3 x 1 Paraná - 03/06/2000 - Campeonato Paranaense
Semifinal do Rural. Segundo tempo. Segundo jogo. 5 a 1 no placar agregado quando Kelly é lançado na ponta direita. Uma bola mais para o zagueiro paranista Hilton, mas com sua elegante camisa manga longa, Kelly acelera e ganha no ombro até conseguir controlar o balão.
Em seguida, “Magic” Kelly tirou da cartola a primeira “Cirineta” deixando o beque prostrado. Como a bola se oferece à sua canhota, o craque se sente à vontade para esnobar categoria e centra de letra para Lucas que chegava no segundo pau. O voleio do artilheiro deposita a bola no ângulo. O primeiro gol de placa da nova Arena, antecipando a fantasia que aconteceria ali nos anos seguintes.
8. O petardo de Michel
Athletico 2 x 0 Grêmio - 31/10/07 -Campeonato Brasileiro
Por dois minutos, o Grêmio ficou na roda. Todo mundo brincou. De Ferreira a Valência até a lenda Alex Mineiro que naquela noite flutuou na relva. “Doutor” Clayton veio para a dança, bem como o saudoso Jancarlos que, sócio de Evandro, envolveu a zaga contrária como se fossem adultos contra crianças.
Tudo ao som do “Olé”. Após o “pé de ferro” ganho por Alex Mineiro, a gorduchinha sobra para Michel, que solta o torpedo. Bola na trave, no chão interno da meta e no teto da rede de Saja. O narrador da rádio gaúcha resumiu o lance: “uma humilhação suprema”.
9. Chave de ouro de Washington
Athletico 4 x Colorado 1 - 31/10/82 - Campeonato Paranaense
A mais bela tarde dos anos 1980 só podia terminar em gol do time mais poético da história. O título já era atleticano com o placar de 3 a 1, mas faltava a chave de ouro no soneto.
Eis que Nivaldo sai jogando com Capitão, que avança e de trivela busca Ariovaldo projetado em overlapping. O lateral acha o passe entre as pernas de seu marcador para o lépido Ivair. Ao pisar na aérea, sem olhar, ele ajeita de calcanhar para Washington. Ao grande artilheiro cabe deslocar o goleiro e balançar as redes amarelas do gigante de concreto armado. Alegria do meu povão rubro-negro. Um gol tão bonito que parece um sonho.
10. O voleio de Nikão no Centenário
Athletico 1 x 0 Red Bull Bragantino - 20/11/21 - Copa Sul-Americana
Na tarde de sol infinito e cenário perfeito, eram 29 minutos do primeiro tempo quando armou-se a “jogada assinatura” daquele time campeão. Bola de pé em pé, sem pressa, até Pedro Henrique inverter a pelota para a ponta esquerda, onde estava David Terans.
O uruguaio invade a área, solta a patada e após rebatida do goleiro a bola tomou o mesmo efeito de tempo e espaço que antecedeu o gol de Sicupira que abre esta série. Desta vez, a pelota se oferece a outra lenda rubro-negra, Nikão, que num voleio “plástico, elástico e acrobático” sacramenta o título do Furacão no Estádio Centenário.
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