Jogar em casa é sempre bom, mas é preciso confessar que há também um gostinho especial ao representar a camisa rubro-negra como forasteiro. Relembre abaixo dez viagens inesquecíveis do centenário do Athletico.
Assunção (Paraguai) – 1949
O Athletico abriu uma conexão paraguaia ao trazer o meia Ruben Aveiro o lateral Ibarrola em 1943. Por isso, em dezembro de 1949, o ano do Furacão, quando o CAP fez a primeira excursão internacional de um time paranaense, o destino foi Assunción, capital del Paraguai.
Apesar do pioneirismo, não foi uma viagem propriamente vitoriosa: duas traulitadas de Olímpia e Cerro Porteño, mas ganhamos por 4 a 1 do Nacional, líder do campeonato paraguaio na época.
Rio de Janeiro – 2004
Dava para fazer um documentário sobre a trágica viagem do Athletico e de sua torcida para o jogo que deveria ter terminado com volta olímpica em São Januário em 2004.
Após meio dia viajando, nossa torcida foi retida Avenida Brasil, em ação suspeita da PM carioca. Na volta, foi emboscada na estrada por outra torcida.
A delegação time sofreu todo o tipo de hostilidade possível dentro e fora de campo. Um pesadelo orquestrado por muitas forças que nunca foi e nem será perdoado pela torcida atleticana.
Hiratsuka (Japão) – 2019
“Oriente é o lugar onde nasce o sol”, ensina Jorge Luís Borges. Foi pra lá que o Athletico viajou em agosto de 2019 para bater campeão da Copa Levain ao golear o Shonan Bellmare por 4 a 0.
Nosso primeiro título intercontinental em torneios oficiais veio no confronto entre o campeão da Sul-Americana e o vencedor da Copa da Liga Japonesa. Uma vitória que rendeu grandes histórias, 900 mil dólares e mais uma taça erguida aos céus pelo samurai Lucho González.
Ponta Grossa – 1990
Tiro, porrada, bomba e mais fogo, chope escuro e morte. Aconteceu de tudo na invasão atleticana a Ponta Grossa em dezembro de 1990. No último jogo da fase semifinal da segundona, o CAP estava com a mão na vaga e o presidente Farinhaki prometeu ônibus grátis a todo atleticano que quisesse ir.
Milhares atenderam ao chamado. Logo de manhã, Ponta Grossa começou a superlotar e a tensão começou na Münchenfest que acontecia ao lado do estádio. O Athletico perdeu, mas subiu para a Série A.
Até o nascer do sol, contudo, muitos foram presos, muitas brigas rolaram, comércios foram incendiados e um torcedor morreu atropelado em um dia que não terminou.
Winterthur (Suíça) – 1991
Em julho de 1991, nosso elenco lotou o aeroporto Afonso Pena vestindo paletós com ombreiras para a primeira viagem do Rubro-Negro à Europa.
A inusitada excursão à Suíça começou com um jogo contra o tradicional Servette, na inauguração do estádio da pitoresca cidade de Evionnaz. Dois dias depois, na cidade de Winterthur, o time disputou a Schützi-Cup, contra as equipes do Brütissellen e o time local. Tendo como grande destaque o ponta Ratinho, vencemos nosso primeiro título internacional.
Guadalajara (México) – 2005
O mesmo estádio Jalisco onde Gordon Banks fez a maior defesa da história do futebol, Pelé deu o drible sem tocar na bola que virou livro e Zico errou o pênalti contra a França, o CAP viveu sua maior noite no continente americano.
Contra os Chivas locais, uma aula de futebol de Lima, o falso lento, e um feito digno do deus Quetzalcóatl: empate por 2 a 2 e classificação para a primeira final de Libertadores calando 50 mil mexicanos.
Montevidéu (Uruguai) – 2021
O maior deslocamento internacional de paranaenses em toda a história ocorreu em novembro de 2021, em plena pandemia de Covid 19, quando milhares de atleticanos viajaram para a capital do país onde nasceu a família Petraglia.
No mesmo histórico Estádio Centenário em que Caju brilhou pela seleção em 1942 e em que o Furacão jogou sua segunda partida fora de casa na Libertadores de 2000, ganhamos o título de nossa terceira Copa Sul-americana numa tarde ensolarada e inesquecível.
Depois do jogo contra o Red Bull Bragantino, as ruas de Montevidéu mais pareciam as adjacências da Baixada em festa com mais um título de El Paranaense.
Guayaquil (Equador) – 2021
Desde que a Conmebol decidiu transformar em partidas únicas as finais das Libertadores, o jogo com a logística mais difícil para os clubes brasileiros e seus torcedores foi a final em Guayaquil, entre o Furacão e o Flamengo.
Muitas horas e milhares de reais separavam o torcedor de sua obsessão enquanto quase 50 mil atleticanos lotaram uma Baixada futurista, todos prontos para esperar até a chegada da taça. Mesmo em menor número na proporção de quase cinco para um dentro do Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, os atleticanos cantaram alto e apreciaram, mais uma vez, o fato de estarem em uma decisão continental.
Pela segunda vez o título não veio, mas a terceira chance não escapará, tenho certeza.
Vitória – 1975
Em dezembro de 1975, o Athletico vivia o auge de seu caos administrativo e aceitou em troca de alguns tostões o convite para jogar o torneio Roquette Reis, no Espírito Santo.Com Nilson Borges como técnico, a “caravana rolídei” se alimentava em um bordel da capital capixaba e usava ônibus de linha para se movimentar por lá. Durante a viagem, os jogadores se rebelaram e Sicupira fez seu último gol com a camisa rubro-negra. No dia seguinte decidiu parar de jogar futebol com jovens 31 anos de idade.
Buenos Aires (Argentina) – 2006
As oitavas de final da Sula de 2006 programaram dois confrontos do Furacão contra o temível River Plate, então treinado por Passarella, que contava com o goleiro Lux, os meias Gallardo e Ortega, além dos atacantes Higuaín e Falcão Garcia. Um timaço.
Numa noite mágica no Monumental de Nuñez, estava entre a dezena de atleticanos na arquibancada que vibraram com a grande atuação do goleiro Cléber e de todo o time treinado por Vadão e com o gol de Marcos Aurélio que decretou a primeira vitória de um time paranaense em competição oficial sul-americana contra um gigante argentino.
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