Imagine quantas coisas podem acontecer em um espaço de 365 dias. Agora, multiplique por 100 e tente chegar a um número de fatos extraordinários, aleatórios, curiosos ou bizarros que se materializaram no centenário do Athletico.
Confira abaixo dez desses momentos inusitadamente marcantes na história do Furacão:
Ataque das abelhas africanas
Apis mellifera scutellata é o nome científico de uma espécie muito agressiva e migratória de abelhas. Em 25 de março de 1972, um enxame das abelhas assassinas saiu de trás dos pinheiros do gol dos fundos da Baixada e escureceu o campo.
O jogo entre o supertime de Buião, Sicupira e Nilson Borges e o Jandaia já estava 6 a 0 para os donos da casa, quando os dois times e o trio de arbitragem se jogaram no chão aguardando o fim do terror. As abelhas africanas, assim como vieram, partiram, não se sabe para onde. Por milagre, há imagens dessa partida (veja acima).
Atletiba da Gripe
Mais que um jogo, foi um evento fundador na história do Athletico e do futebol paranaense. Em 21 de maio de 1933, estava programado um clássico na abertura do Campeonato Paranaense.
Dias antes, porém, um surto de uma misteriosa gripe derrubou metade do elenco rubro-negro, entre eles alguns dos principais jogadores como o goleiro Alberto, o zagueiro Zanetti e o artilheiro Marreco. O Athletico pediu o adiamento da partida, mas o Coritiba não concordou e exigiu o cumprimento da tabela.
Mesmo com o time debilitado, o CAP foi, jogou e venceu com gols de Marreco. Desde então, o Athletico é o “time da raça”, e o clássico ganhou outra dimensão.
Elefantes na rua
O evento mais psicodélico do centenário atleticano foi o desfile de elefantes promovido pela torcida rubro-negra na rua Marechal Deodoro no dia 20 de abril de 1969. Uma cena digna de um filme de Federico Fellini.
Era dia de Atletiba e os atleticanos emprestaram três animais de um circo que estava parado na cidade. Loucura total e imagens inacreditáveis que provam que há uma torcida que estava conectada com o que acontecia em São Francisco e Nova Déli – e entrou antes do resto do país na Era de Aquário.
O gol em que a bola não entrou
Com a base do time que chegaria à final da Libertadores naquele ano, o Athletico estava perdendo para o Império, o lanterna do Paranaense, por 2 a 1 em 21 de fevereiro de 2005.
O atacante Jorge Henrique cruzou e o meia William concluiu de carrinho. A bola passou à esquerda da trave do goleiro, bateu na rede, na placa de publicidade e balançou a rede por trás do gol.
O Juiz José Francisco de Oliveira apontou para o centro de campo, e o jogo terminou empatado por causa do maior erro de arbitragem da história da Baixada.
Uma festa para o Príncipe dos Poetas
1916 foi um ano agitado. Seis meses depois de ter recebido a visita do pai da aviação Santos Dumont, Curitiba se alvoroçou com a passagem do “Príncipe dos Poetas” Olavo Bilac, que fazia então uma cruzada cívico patriótica pelo país enquanto o mundo estava em plena 1ª Guerra Mundial.
Bilac foi paparicado, adulado, fizeram inúmeros maus poemas para saudá-lo, visitou colégios, quartéis e os cambaus, mas o grande momento da visita ilustre foi uma “gardening party” em que a cidade foi aplaudi-lo no ground do Internacional, também conhecido como Baixada.
A Panela e o Caldeirão do Diabo
Em 17 de julho de 1989, no mítico ginásio da Baixada construído por João Alfredo Silva, o rei do rock brasileiro Raul Seixas fez seu antepenúltimo show, ao lado de Marcelo Nova, na turnê do disco conjunto dos dois, chamado A Panela do Diabo.
Naquele tempo, o Athletico havia se mudado para o estádio Pinheirão e o complexo do Caldeirão do Diabo era “administrado” pela Torcida Organizada Os Fanáticos, que encarregou da produção do concerto.
Noite histórica do rock nacional, pois Raulzito morreria um pouco mais de um mês depois, no dia 21 de agosto daquele ano.
W.O. no Pinheirão
O Campeonato Brasileiro mais bagunçado da história foi o de 1986. Um verdadeiro monstrengo com 80 clubes que terminou no ano seguinte. O América-RJ ficou em terceiro.
O campeonato de 1987 foi organizado pelo clube dos 13 em dois módulos: um de “elite” em que entrou o rebaixado Coritiba e uma segunda divisão disfarçada em que colocaram o Ameriquinha, que não aceitou e entrou na Justiça.
Enquanto o tapetão corria, o América decidiu não jogar, e no dia 4 de outubro de 1987, não veio enfrentar o Athletico no Pinheirão. O Furacão, porém, entrou em campo, esperou 15 minutos, o árbitro deu o início e o time trocou passes sem adversários até que o lateral Bruno fizesse um gol para sacramentar a vitória por W.O.
O Gol de Nuca de Manguinha
Não existe gol feio, pois feio é não fazer o gol, já ensinou Dadá Maravilha. Assim, dá pra dizer que o gol de Manguinha contra o Vitória no Pinheirão no dia 29 de outubro de 1989 foi mal-ajambrado ou bizarro.
O placar apontava 2 a 0 para o CAP quando o goleiro da representação baiana, no afã de "quebrar" a bola para o ataque, chutou a gorduchinha na nuca do nosso Manguinha. A bola percorreu o caminho de volta e foi parar no barbante. Gol do Furacão: 3 a 0, placar final e um gol para a história.
Atletiba do Youtube
Em 2017, numa união inédita, Atlético e Coritiba decidiram não assinar um contrato de valor considerado baixo para os direitos de televisão e optaram por transmitir o clássico do Estadual pelo Facebook.
A Federação Paranaense de Futebol resolveu adiar o jogo após a entrada dos times em campo, alegando que a transmissão particular contratada pelas equipes não tinha credencial para estar no estádio.
O jogo que não houve entrou para história como o Atletiba do Youtube e ficou como um marco de uma mudança de paradigma na transmissão esportiva. Dias depois, o jogo remarcado foi transmitido por streaming e vencido pelo CAP por 2 a 0.
Cápsula do tempo
Nada, porém, se compara ao extraordinário evento da inclusão da camisa do Athletico na "elite" de objetos da "Cápsula do Tempo", o cofre que deixaremos para que futuras gerações conheçam os utensílios mais importantes de nossa civilização no século 20 da era comum, que será aberta apenas no ano 3000.
A história de como a camisa rubro-negra foi parar lá vale um filme, mas foi ideia de Clóvis Gonçalves, o motorista que conduziu o jornalista do New York Times – jornal que teve a ideia da promoção – pelas ruas de Curitiba.
O evento virou um case de marketing do clube, Clóvis virou um herói rubro-negro e a torcida ganhou a mais deliciosa história do futebol mundial para chamar de sua.
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