Fã de Senna e bom de resenha: como Wesley Carvalho quer aproveitar chance no Athletico
Um pensamento de Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, fecha as 16 páginas da apresentação em PDF do técnico Wesley Carvalho, cujo currículo é recheado por títulos em categorias de base e inúmeros jogadores que ajudou a revelar.
"No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo".
Ayrton Senna
Para o baiano de Itapetinga, outra palavra poderia facilmente entrar no contexto da frase: persistência. É no Athletico, como substituto de Paulo Turra, que ele espera agarrar sua grande chance na profissão – tardiamente.
Aos 49 anos de idade, Wesley comanda interinamente o Furacão desde 21 de junho. Em sua estreia, o time perdeu de virada para o São Paulo, por 2 a 1, mas já mostrou uma maneira mais ofensiva de atuar, tanto que venceu Corinthians (1 a 0) e Alianza Lima (3 a 0), na Ligga Arena, jogando bem, e sem sofrer gols, nos dois desafios seguintes.
O próximo é neste domingo (2), às 16h, também em Curitiba, contra o Palmeiras, justamente o time que, indiretamente, lhe trouxe ao Rubro-Negro.
Histórico vencedor nas bases de Palmeiras e Vitória
Em fevereiro de 2022, Wesley Carvalho tinha tudo acertado para trabalhar no sub-20 do Santos. Cerca de seis meses antes, ele concluiu uma vencedora passagem de quase quatro anos nas categorias de formação do Palmeiras.
Seu destino mudou quando o CEO do Furacão, Alexandre Mattos, lhe convidou para ser técnico do sub-23, cargo que mais tarde foi alterado para auxiliar da comissão técnica permanente da equipe principal.
Diretor de futebol palmeirense entre 2015 e 2019, Mattos observou de perto como Wesley empilhava títulos no sub-20 pelo clube. Foram nove ao todo: Campeonato Paulista (2017/18/19/20), Torneio Terborg, na Holanda (2018/2019), Copa Ipiranga (2018), Brasileiro (2018) e Copa do Brasil (2019).
Mais do que isso, o treinador participou diretamente da revelação de jogadores de destaque atualmente, como os meias Gabriel Menino e Luan Cândido, os volantes Danilo e Patrick de Paula e os atacantes Gabriel Veron e Wesley.
Contando com as conquistas na época em que trabalhava no Vitória, onde passou do sub-13 ao sub-20, além de coordenador técnico, Wesley tem quase 30 troféus na base.
Jogadores abraçaram as ideias de Wesley
Entre os jogadores, é praticamente unanimidade que o Athletico já tem seu técnico para o restante da temporada. Wesley reúne qualidades importantes, como um ótimo relacionamento com o elenco e ideias de jogo que agradam, adicionadas a um grande embasamento teórico.
O interino tem todas as licenças da CBF (Pro, A e B), além de ter cursado faculdade de administração e gestão de pessoas, em 2011. Ele preza por uma equipe que troque passes rapidamente e construa com posse da bola, minimizando a ligação direta. Tudo isso com muita intensidade no ataque e defesa.
"Quem está no dia a dia sabe o tanto que o Wesley trabalha para estar vivendo o que vive hoje. É muito cedo, mas é uma mudança muito grande no estilo de jogo, com o espírito de antigamente que tínhamos desviado um pouco. Fico feliz com o trabalho dele, que sabe conversar e conduzir, treina bem. O mercado precisa se inovar, com treinadores jovens e ideias diferentes", elogia o zagueiro e capitão Thiago Heleno, em entrevista ao ge.globo.
Além disso, consegue fazer com que suas ideias sejam facilmente compreendidas, o que tem facilitado na melhora do desempenho em campo.
"Não sei se é porque ele é baiano, então a comunicação é um pouco mais fácil. É um cara jovem, que tem uma filosofia bem legal, eu particularmente estou me dando muito bem com ele, porque fica muito mais fácil de entender algumas colocações", cita o experiente Fernandinho.
"O time abraçou a ideia dele e nesses três jogos a gente viu um time diferente, com uma cara diferente", completa.
Deixou de ser goleiro ao ver oportunidade fora de campo
Wesley foi jogador profissional de futebol, mas encerrou a carreira bem mais cedo do que gostaria. Curiosamente, não foi por lesão, como acontece em diversos casos Brasil afora. Encarou como uma oportunidade.
Em 1997, o então goleiro foi convidado a pendurar as luvas para virar treinador de goleiros do Vitória, clube que o revelou. Tinha apenas 23 anos de idade.
Ele trabalhou com nomes como Fábio Costa, Paulo Mussi e Juninho – e até com o lendário Dida, na época em que ainda era atleta sub-20, em 1993, já que não havia preparador de goleiros na disputa da Copa São Paulo.
Em 1999, Wesley trocou novamente de função por causa de seu perfil de líder e começou a treinar o sub-13 do Leão baiano. Filho de uma professora, ele tem o hábito de recomendar livros e incentivar o estudo de seus comandados no tempo ocioso das concentrações.