Vitor Roque: chegou a hora de chocar a Europa
Foram 599 dias de quase puro encantamento. Durou 19 meses a passagem de Vitor Roque no Athletico: 81 jogos e 28 gols. Rumo ao Barcelona, o atacante se despediu da torcida no último domingo (3), na vitória sobre o Santos, na Ligga Arena.
Maior contratação da história rubro-negra (R$ 24 milhões) e uma das maiores vendas do futebol brasileiro (falam em 74 milhões de euros), o garoto provocou uma espécie de fascínio na torcida do Furacão, que teve o privilégio de acompanhar de perto um talento raro. Vitor Hugo Roque Ferreira, o mineiro de Timóteo, não tinha nem completado 18 anos quando chegou ao CT do Caju. Mas jogou grande, jogou bonito. Em pouco tempo, caiu rápido nas graças dos torcedores, deixando todo mundo em choque.
Arranque, raciocínio rápido, letal. Com personalidade, não sentiu peso das partidas. Nos pés dele, fez o futebol parecer ser fácil. Tratou a bola com carinho, envergou a camisa 9 com responsabilidade, foi comparado a Ronaldo Fenômeno e elogiado por Romário como "o mais completo". Chegou até a ser preterido por Felipão (pasmem os senhores!). Entre gols, dancinhas, comemorações com raio, mexeu com crianças e adultos. Emocionou, empolgou, barbarizou. Arrancou sorrisos de jovens e velhos. Lúcido, técnico e com repertório, vestiu a armadura rubro-negra com amor.
Foram só 19 meses, mas Vitor Roque colecionou momentos no Athletico, como ter sido o jogador mais jovem do clube a marcar um gol em Libertadores (17 anos e 120 dias). E também colocou seu nome na história do Rubro-Negro na competição: marcou seis gols, alcançando a mesma prateleira que os artilheiros Luisinho Netto, Lima e Marco Ruben. E falando em Libertadores, como esquecer do gol da classificação no último minuto contra o Estudiantes, ou da pintura contra o Galo na Arena?
Dividiu o vestiário com Fernandinho, estampou manchetes de jornais espanhois - onde já virou "Tigrinho", sem ainda nem ter pisado em solo catalão, e entortou defesas adversárias. Balançou a rede 28 vezes - o último contra o Cruzeiro, seu ex-clube e maior vítima. Não fez mais porque foi parado por uma lesão, que o tirou de campo por dois meses.
Vitor Roque não foi forjado no CT do Caju, mas leva consigo um pedaço dele, assim como o carinho de toda uma legião de rubro-negros. Uns chegam, outros se vão. Vitor Roque já deixa uma lacuna no Athletico do tamanho do seu talento.
Voe alto, Vitor Roque. O mundo te aguarda.
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