Vitor Roque quer título da Libertadores pelo Athletico e sonha jogar na Europa
Em 2005, o Athletico chegava à final da Libertadores da América - perdeu o título para o São Paulo. O atacante Vitor Roque havia nascido fazia quatro meses. Dezessete anos se passaram e ele já entrou para a história do clube, sendo fundamental para que a equipe paranaense se classificasse para mais uma semifinal do principal torneio sul-americano. "Nunca imaginei que jogaria no Athletico, onde estou muito satisfeito. O clube é enorme, demonstra isso a cada dia. É um gigante no futebol brasileiro, com uma infraestrutura ótima", ressalta, em entrevista ao Estadão.
De forma heroica, ele marcou o gol da vitória por 1 a 0, no último minuto, contra o Estudiantes, na Argentina, levando o Athletico para a semifinal da Libertadores contra o Palmeiras O confronto tem início nesta terça-feira, com as duas equipes se enfrentando na Arena da Baixada. No dia 6 de setembro ocorrerá o jogo de volta, no Allianz Parque.
A forma como fez o gol, se antecipando com coragem ao veterano goleiro Andújar, e tocando de leve, de cabeça, para as redes, descreve muito do estilo rompedor do garoto vindo do Cruzeiro. Seu discurso segue a mesma linha: ele não teme nenhum adversário, nem o Palmeiras, considerado por muitos o melhor time da América do Sul na atualidade. "Sem dúvida o gol contra o Estudiantes foi o mais importante da minha carreira até agora. Já tinha repetido essa jogada com o Vitinho (que fez o cruzamento) nos treinos. Agora, é encarar a semifinal. O adversário é o forte Palmeiras, mas com certeza temos possibilidades. Não tem favorito. São dois grandes times. Temos três jogos para chegar ao título e vamos corrigir erros, nos aprimorar, treinar para sermos campeões", afirma.
Ao se tornar a maior contratação da história do clube, que, em abril último pagou R$ 24 milhões pelos direitos do jogador, Vitor Roque vem acumulando recordes. Já pode ser considerado a maior promessa do futebol brasileiro no momento. Igualou-se a Ronaldo e Tostão ao estrear no profissional do Cruzeiro com 16 anos. E se tornou o jogador mais jovem a marcar gol pelo Athletico em Libertadores, nas oitavas contra o Libertad.
Vitor Roque e a pressão dos adversários
Vitor Roque foi um dos 18 nomes incluídos como um dos jovens com potencial de ser eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, em levantamento divulgado no início deste mês pelo Centro de Pesquisa e Análise da seleção brasileira.
O jovem jogador demonstra a mesma segurança com que enfrenta os zagueiros adversários, apesar de ter apenas 17 anos. Com frases seguras e um tom firme, ele diz que tem conseguido lidar com a pressão que sempre prevalece no ambiente futebolístico. "Desde o início da carreira, aprendi que o segredo é trabalhar forte. É isso que faço. Nós jogadores sofremos pressão, e muitas vezes não importa a idade. A solução é focar no trabalho, fazer o que tem de ser feito no dia a dia, treinando com dedicação e confiança. Trabalho muito para que tudo dê certo", diz.
Ele admite que a sua pouca idade acaba sendo até um motivo a mais para os adversários tentarem intimidá-lo. "Isso acontece, mas tenho aprendido que faz parte. Alguns jogadores tentam me intimidar, provocam. Às vezes não tem como segurar, acabo respondendo, mas sem perder o foco. Procuro não me prender a essas provocações e seguir jogando, sem me deixar levar por isso", conta.
Seguidas transferências
Pelo seu estilo diferenciado, que mescla força e velocidade, desde os 14 anos ele é um jogador disputado. Começou no América-MG e em 2019 se transferiu para o Cruzeiro, o que deixou os dirigentes do América-MG revoltados porque, segundo eles, houve assédio sobre o jogador.
Já no Cruzeiro, ele acabou se transferindo, profissionalizado, para o Athletico, que pagou R$ 24 milhões pelos seus direitos O clube mineiro também não se conformou com a situação e vai à corte da CBF para obter uma indenização, por considerar que já havia feito proposta de renovação com o jogador. O Athletico, por sua vez, ressalta que apenas seguiu os trâmites contratuais e pagou o valor da multa estipulado.
Vitor Roque, no entanto, vê o lado positivo de todas essas transferências. Para ele, é um estímulo, porque, se está sendo tão disputado significa que seu potencial é acima da média. Em 35 partidas como profissional, ele marcou 12 gols.
O atacante garante que sempre esteve ciente das decisões em relação ao seu futuro. "Sempre participei das decisões, nunca nada foi feito sem mim e minha família sermos consultados e concordarmos com tudo. Confio nos meus empresários, que estão há muito tempo no futebol, e também levo muito em consideração a opinião da minha família, que sempre está ao meu lado", ressalta
Nascido em Timóteo (Minas Gerais), em 28 de fevereiro de 2005, Vitor Roque se envolveu com o futebol desde os primeiros anos de vida. Na cidade do interior de Minas, ouvia os jogos dos times grandes e da seleção brasileira, enquanto dava seus primeiros chutes na bola. "Na frente da minha casa tinha um campinho, onde sempre joguei. Ficava batendo bola até de noite. Lá mesmo tinha uma escolinha de futebol e eu passei a fazer parte. Via os jogos da seleção e sonhava um dia vestir aquela camisa", conta.
O sonho, em parte, já foi realizado. Vitor Roque já atuou pela seleção brasileira sub-20, mas agora ele almeja a principal. "Esse é meu grande objetivo, trabalho para isso, busco sempre fazer o melhor para um dia chegar à seleção principal", observa.
Futuro na Europa
O garoto já foi elogiado pelo técnico Tite, quando jogava pelo Cruzeiro e fez o gol de sua equipe na derrota por 2 a 1 para o Atlético-MG. O treinador da seleção brasileira afirmou, entre outras coisas, que Vitor Roque "tem seis marchas". Com cláusula de rescisão de R$ 500 milhões, o jogador já está despertando interesse em gigantes europeus, como Real Madrid e Juventus.
Há a expectativa, segundo pessoas próximas ao jogador, que ele se transfira para a Europa em 2023. "Toda criança sonha em jogar um dia em um gigante europeu. Com certeza eu penso na Europa. Mas não deixo isso atrapalhar meu trabalho no dia a dia. Quero estar bem jogando no clube em que defendo. Tudo tem seu momento para acontecer, com a vontade de Deus", diz.
Um dos principais conselheiros do jogador, atualmente, é o técnico Felipão, do Athletico. "Com a sua experiência, ele está me ajudando muito. Tem me dado conselhos que serão muito importantes para mim no futuro. Sou novo e tenho de aprender a cada dia, sempre. No treino, por exemplo, às vezes erro uma cabeçada, o Felipão se aproxima, me orienta sobre o posicionamento, o jeito de chegar até a bola, me fala sobre detalhes que estão me ajudando", conta.
Como técnico de Portugal, Felipão, aliás, foi o primeiro a convocar Cristiano Ronaldo para a seleção, em 2003. O craque português iniciava a carreira e Vitor Roque nem tinha nascido. Hoje, Cristiano Ronaldo é o maior ídolo do jovem atacante. "Sempre me inspirei no Cristiano Ronaldo, é um jogador exemplar, trabalha firme, tem uma determinação e uma explosão impressionantes. Ele não desiste nunca, sempre encontra soluções Procuro me espelhar nele, ele é a minha referência", completa Vitor Roque. Conheça um pouco mais da história de Vitor Roque.