Possível técnico do Athletico para 2024, Domenèc Torrent não teve sucesso nas últimas duas equipes pelas quais passou. O técnico está na mira do Furacão e, neste momento, é o favorito para assumir o cargo.
No Galatasaray, foi demitido após acumular oito derrotas em 20 partidas e deixar a equipe turca na 13ª posição no principal campeonato do país. No Flamengo, o aproveitamento não foi ruim, mas foram as goleadas que motivaram a saída: 36 gols levados em 24 jogos.
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Antes disso, o técnico teve uma passagem mais duradoura no New York City, da MLS, liga americana. Foi lá onde o espanhol obteve mais sucesso na carreira e em 60 jogos teve 29 vitórias, 15 empates e 16 derrotas.
Sem ter conquistado nenhum título com os times que comandou efetivamente, Torrent é conhecido por ter sido auxiliar de Pep Guardiola no Barcelona, no Manchester City e no Bayern de Munique.
É da parceria com Guardiola que vem o modelo de jogo adotado pelo espanhol, conhecido como “jogo de posição”, que também tem Jorge Sampaoli, Louis van Gaal e Mikel Arteta como adeptos.
Como funciona o modelo do jogo de posição?
Domènec Torrent segue a escola, mas o nome desse estilo tático não traduz exatamente como ele funciona em campo. Nele, os jogadores ficam menos estáticos, como em uma mesa de futebol de botão, e passam a ter diferentes funções de acordo com a posição da bola, em estilo mais fluido e dinâmico.
“O nome ‘posição’ só atrapalha. Não é jogo de posição, que todo mundo fica fixo e esperando. Isso atrapalha demais o entendimento. Tem estudiosos, inclusive o Lillo, que foi cotado para o Athletico, que falam que o certo é o termo ‘jogo de localização'”, explica o jornalista Leonardo Miranda, formado em análise de desempenho pela CBF e especialista em tática e estudo do futebol.
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“Por que localização? Porque tudo depende de onde a bola está. Se a bola está na direita, alguém tem que guardar a posição do outro lado, alguém tem que guardar posição na frente da bola e outro jogador tem que guardar atrás da bola”, reforça.
A lógica é a seguinte: imagine um círculo onde a bola está no campo, em volta desse círculo existem três zonas – zona de intervenção, zona de ajuda mútua e zona de cooperação.
Quem está com a bola é o centro do círculo, na zona de intervenção. O jogador próximo está na zona de ajuda mútua – e deve colaborar com o companheiro. Os mais afastados estão na zona de cooperação e têm como função se movimentar para prender a marcação dos adversários.
“Esse é o jogo de posição. Cada um tem uma posição para cumprir, só que essa posição muda conforme o lugar da bola. Como a bola gira o tempo todo no jogo, as posições também mudam o tempo todo”, afirma Miranda.
Dentro das zonas, cada jogador tem uma função a cumprir e deve esperar o seu momento de participar no jogo. Segundo o jornalista, essa espera permite que atletas cansem menos e criem oportunidades melhores de jogadas.
“A bola está no meio, o jogador da direita não pode sair atrás da bola, senão ele está descumprindo o que a zona dele manda. Qual jogador pode buscar a bola? O que está perto da bola. Mas se está um pouco mais longe, tem que esperar porque isso prende a marcação”, exemplifica.
“Uma coisa muito característica dos times que o Domènec treinou é ter sempre dois jogadores colados na linha lateral, abertos. Esses jogadores têm a função de prender a marcação dos adversários. Só que se a bola está perto deles, eles não precisam ficar presos, eles vão para dentro da área, por exemplo, chutar para o gol”, completa.
O que esperar do Athletico em campo?
O estilo de jogo do espanhol envolve posse de bola e passes por todo o campo, fugindo de uma característica de “correria” no gramado. Para Miranda, sob o comando de Dome, o Athletico seria forte dentro de casa.
“Eu acho que com o Dome, seria um time que na Arena da Baixada dominaria o adversário, com muito mais posse, e daria para ver esses jogadores abertos o tempo todo. Fora de casa, seria um time mais de contra-ataque, mas tentando ser protagonista”, opina.
O jornalista ainda afirma que o meia Vitor Bueno é um dos jogadores que tem o perfil do treinador. O atleta é sondado pelo Cerezo Osaka, do Japão, e não tem permanência garantida para a próxima temporada.
Por outro lado, o atacante Canobbio, por ter um perfil mais corredor e pecar em chutes, pode ter dificuldades para se adaptar ao estilo.
“Um jogador que daria muito certo seria o Vitor Bueno. O Canobbio é mais estilo do Felipão. Como essa escola gosta de um time que tem mais a posse de bola, talvez o Canobbio, por ser mais da correria e não domine tanto a técnica, não se dê bem”, explica.
Escolha por Domènec Torrent não faz sentido, afirma PVC
O jornalista Paulo Vinícius Coelho criticou a escolha da equipe rubro-negra pelo treinador. “O que o Domènec Torrent tem no currículo que permita achar que ele é o ideal para o Athletico? Ele não tem nada. Depois do Flamengo, ele foi para o Galatasaray e fracassou”, afirmou.
Segundo ele, substituir Wesley de Carvalho pelo espanhol tem mais relação com a imagem do clube do que com um projeto para a temporada do ano que vem.
“Qual a razão de contratar o Domenèc? O que ele fez de diferente para achar que ele vai ser o técnico ideal? Qual é a diferença de você contratar o Domènec Torrent e manter o Wesley no cargo, que foi oitavo colocado [no Brasileirão]? O Wesley é mais barato e tem uma continuidade de trabalho. A lógica é o marketing, é o grande nome. Do ponto de vista técnico, o Domènec Torrent não faz sentido” opinou PVC.
Outro ponto levantado pelo jornalista é a necessidade de tempo que o estilo de jogo do treinador precisa para funcionar. Segundo PVC, o espanhol precisa de um trabalho mais longo para desenvolver as equipes que comanda.
“Se eu fosse o Domenèc Torrent e pensasse que eu preciso de um trabalho de médio a longo prazo e chegasse no Athletico, que é um clube fantástico, mas que não tem um técnico de janeiro a dezembro desde 1982, há 41 anos, eu diria ‘eu preciso de tempo, então eu não vou’. Então, no fundo nem o Domenèc representa a escolha certa para o Athletico, nem o Athletico representa a escolha certa para o Domenèc”, explicou.