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Patrocínios de sites de apostas a clubes da Série A batem R$ 330 mi por ano

Por
Folhapress
31/03/2023 18:14 - Atualizado: 04/10/2023 22:48
Camisa do Athletico.
Camisa do Athletico. | Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes

O valor de patrocínios de sites de apostas aos clubes brasileiros da Série A em 2023 supera a casa dos R$ 330 milhões por ano.

Os valores anuais mais significativos estão no Corinthians (R$ 35 milhões com a Pixbet na omoplata), no Botafogo (R$ 27,5 milhões da Parimatch no master) e no Cruzeiro (R$ 25 milhões da Betfair no master).

Flamengo e São Paulo também estão bem posicionados na arrecadação geral (R$ 24 milhões, embora o rubro-negro tenha negociado a omoplata com a Pixbet e o tricolor, o master com a Sportsbet.io).

Hoje, 19 dos 20 clubes da elite têm algum contrato com sites de apostas. Em 12 clubes, sites de apostas ocupam o espaço de patrocinador master, o que individualmente mais paga.

+ Confira a tabela do Brasileirão

O cenário envolve a participação de dez marcas diferentes, que bancam investimentos não só no time profissional masculino, como também no feminino, como é o caso de Fluminense e Palmeiras.

Os números computados pelo UmDois Esportes consideram montantes divulgados pelos clubes, matérias jornalísticas de fontes renomadas ou informações de agentes do mercado.

Patrocínios de sites de apostas (valores aproximados)

Corinthians - Pixbet (Omoplata) - R$ 35 milhões

Botafogo - Parimatch (Master) - R$ 27,5 milhões

Cruzeiro - Betfair (Master) - R$ 25 milhões

Flamengo - Pixbet (Omoplata) - R$ 24 milhões

São Paulo - Sportsbet.io (Master) - R$ 24 milhões

Internacional - Estrela Bet (Costas baixo) - R$ 23 milhões

Vasco - Pixbet (Master) - R$ 22,4 milhões

Fluminense - Betano (Master) - R$ 20 milhões

Fortaleza - Novibet (Master) - R$ 20 milhões

Grêmio - Esportes da Sorte (Peito) - R$ 20 milhões

Bahia - Esportes da Sorte (Master) - R$ 19 milhões

Athletico - Esportes da Sorte (Master) - R$ 16,6 milhões

Atlético-MG - Betano (Master) - R$ 15 milhões

Santos - Pixbet (Master) - R$ 15 milhões

Palmeiras - Betfair (Master do feminino) - R$ 8 milhões

América-MG - Estrela Bet (Master) - R$ 8 milhões*

Coritiba - Dafabet Omoplata - R$ 7 milhões

Goiás - Esportes da Sorte Master - R$ 5 milhões*

Bragantino - Mr Jack.Bet | Manga/Premium - Não divulgado

Cuiabá - Não tem contrato

Marca da Dafabet na omoplata da camisa do Coritiba. Foto: Átila Alberti.
Marca da Dafabet na omoplata da camisa do Coritiba. Foto: Átila Alberti.

Por que os sites de apostas estão tão presentes?

"Essa é uma realidade de mercado. Teve uma época que o Brasil era patrocinado pela Caixa. A economia não está bem, então as empresas não vão investir pesado com publicidade em clubes. Um setor que cresceu rapidamente e virou um setor que demanda publicidade é o de apostas. Ninguém aposta se o site não tiver credibilidade. E eles buscam isso se associando aos clubes. Quem está investindo no mercado publicitário é site de apostas", afirma Marcos Salum, presidente do América-MG.

"Tem um fator que é fundamental é que o business da casa de apostas é o futebol, é o esporte. A finalidade é essa. Se uma fabricante de TV patrocina algo no esporte, ela quer vender TV. Se uma montadora patrocina, ela quer vender carro. No caso das apostas, é fazer com que as pessoas se engajem com aquela própria competição. Isso desperta o interesse das marcas de investirem no segmento, até porque a atividade não tem regulamentação. Então, não há o pagamento de imposto e outras obrigações que outras empresas precisam seguir. A regulamentação vai ser importante para separar as empresas grandes daquelas que estão fazendo movimento só para mostrar tamanho", explica Bernardo Pontes, sócio da BP Sports, especializada em intermediação e ativação no mercado esportivo.

Outro caminho

O dinheiro vindo do mercado de apostas entra para os clubes por outra fonte além do patrocínio direto: placas de publicidade estática nos estádios. Mas Bernardo Pontes alerta para uma possível inflação nos valores de patrocínios praticados no Brasil, considerando o retorno que eles dão.

"No mercado esportivo, patrocínio de clube era por visibilidade. Depois, veio a era da ativação, a oportunidade de levar clientes, fazer relacionamento com camisa, visitar o CT. Hoje, estamos na era da conversão. Se estou colocando R$ 10 milhões em um clube, esse valor tem que voltar em vendas, em novos clientes. Então, quando se paga um valor muito alto, a conta não fecha. Isso é fato", diz.

Relevância dos patrocínios

A receita com patrocínios e publicidade nos clubes brasileiros correspondeu a 16% da arrecadação total em 2021. O número é do relatório produzido pela consultoria Convocados/XP. Logo, o papel de maior relevância ficou com direitos de transmissão (53% das receitas totais), sendo seguido por negociação de atletas (18%).

"Temos recebido patrocínios acima da média histórica dos clubes. As empresas de apostas estão girando o dinheiro. Patrocínio é uma parte importante, mas não é expressiva como direitos de transmissão. Por isso essas brigas de liga, que é o que muda a história do clube", explica o presidente do América-MG.

Regulamentação do setor

O governo federal ainda não regulamentou a atividade dos sites de apostas no Brasil. Por isso, eles têm base em paraísos fiscais como Curaçao e Malta. A perspectiva é que a regulamentação prometida pelo Poder Executivo mexa com o mercado, porque ela deve trazer exigências às empresas, como ter sede em território nacional e pagar impostos aqui.

"A regulamentação vai deixar uma percepção importante. Na minha visão, as grandes vão ficar maiores e as pequenas vão deixar de existir, porque elas não vão conseguir se adaptar às normas da regulamentação. Eu converso com muitos profissionais de mercado e eles estão loucos. Tem muitas empresas que estão pagando valor acima do que aquela proposta vale, você cria uma bolha. Quando a bolha estourar, fica ruim para todos os lados", completa Bernardo Pontes.

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