Sem chances no Galo, Terans reencontra ex-time na decisão como esperança do Athletico
A temporada de reencontros do uruguaio David Terans tem mais duas datas especiais reservadas para dezembro. Primeiro, neste domingo (12), no Mineirão, e depois na quarta-feira (15), na Arena da Baixada, o atacante do Athletico revê um velho conhecido nas finais da Copa do Brasil.
A foto de Terans com a camisa de treinos do Atlético-MG não nega a história e segue pendurada na parede da sala da casa dos pais do atleta, no bairro Jardins del Hipódromo, na periferia de Montevidéu. Foi no Galo, entre junho de 2018 e dezembro de 2019, que ele teve sua primeira experiência no Brasil.
Uma mistura de orgulho pela chance de atuar no maior mercado de futebol do continente, com decepção pela maneira com que as coisas aconteceram. A estadia em Belo Horizonte, contudo, é guardada como aprendizado.
“Minha passagem anterior pelo Brasil me ajudou muito, sobretudo na adaptação. Joguei pouco na equipe anterior, cheguei ao Uruguai e pude encontrar de volta o meu nível de jogo – e foi isso que me impulsionou ao Athletico. Mas a experiencia anterior serviu muito para agora estar melhor adaptado ao desafio no Athletico”, disse o camisa 80 do Furacão, na véspera da final única da Copa Sul-Americana, em novembro, disputado a apenas 6 km de distância da casa onde foi criado.
Outra coincidência na trajetória de Terans foi encarar justamente o Peñarol nas semifinais da Sula. O atacante, que também havia defendido os carboneros na competição, ficou sem jeito e timidamente comemorou ao marcar um golaço de puxeta na vitória atleticana no Estádio Campeón del Siglo.
Apesar de ser torcedor declarado do Danúbio, Terans tem um carinho especial pelo clube, que o ajudou a recuperar a confiança após o quase ostracismo no Atlético-MG. Contratado por R$ 6 milhões em 2018, ele mal entrou em campo em uma temporada e meia em Minas.
Oficialmente, foram 33 jogos, mas só 13 deles como titular. Em média, participou de 38 minutos por partida e anotou dois gols e uma assistência. Na época com 23 anos, o uruguaio acumulou a dificuldade de adaptação ao futebol brasileiro, muito mais intenso, à diferente cultura e idioma.
Em campo, outra mudança atrapalhava o atacante. “No Galo, ele era um ponta mesmo, acompanhava o lateral até o fim, esse tipo de coisa”, lembra o meia Bruninho, cria do time mineiro, atualmente no Juventude.
“Eu penso que não souberam esperar e não deram as oportunidades que ele merecia”, avalia o empresário Flavio Perchman.
Mas nos 17 meses emprestado ao Peñarol, Terans se recuperou e virou Rey David. Meteu 15 bolas na rede em 37 apresentações, desempenho que despertou interesse do Furacão.
Em maio deste ano, o Athletico desembolsou R$ 7,5 milhões para contratar o camisa 80, com direito a resultados imediatos. Em menos de seis meses, já marcou 12 gols e distribuiu 11 assistências em 49 jogos.
Em casa, coroou a conexão com o clube com a conquista da Sul-Americana no lendário Estádio Centenário. E a finalização que originou o gol de Nikão contra o Red Bull Bragantino foi seu.
“Quando ele foi para o Paranaense tudo casou. As pessoas, o entorno. Ele me dizia “aqui é outro tipo de pessoa, são mais companheiros”. Então, ele se adaptou muito mais rápido ao jogo e a tudo. Ele se sente bem no Athletico”, confirma Rodolfo Terans, pai do atleticano.
"Ele tem que fazer um golzinho para mostrar que quando esteve lá [Atlético-MG] fez o que tinha que fazer, mas não teve sorte. E agora as coisas estão acontecendo, graças a Deus".
MARCELO CIRINO - ESPECIAL ATHLETICO COPA DO BRASIL 2019 | Dois Um Podcast #31