Saudade, emoção e protocolos: torcida do Athletico volta à Arena da Baixada
584 dias depois a torcida do Athletico voltou à Arena da Baixada. Um misto de saudade e emoção com protocolos de saúde em meio à pandemia que vitimou mais de 600 mil pessoas no Brasil.
Foram 3.340 pessoas presentes, para uma renda de R$ 67.830, que acompanharam a partida contra o Bahia neste sábado (9), pela 25ª rodada do Brasileirão. O resultado, porém, não foi o que os torcedores queriam: derrota por 2 a 0. Duelo também marcou a partida número 300 do ídolo Nikão.
"O sentimento de entrar e voltar aqui é indescritível. Vou te falar que fiquei tão emocionada quanto no jogo da final da Copa do Brasil. Essa sensação de estar no jogo, após todos esses meses, faltam palavras. A batucada da torcida organizada deu o ritmo da batida do coração. Em relação aos protocolos, foi tudo tranquilo e a grande maioria das pessoas respeitou o uso de máscaras", declarou a advogada Urieli Ieger, 36 anos, sócia desde 2009 e muito emocionada.
No entorno do estádio, a movimentação foi tranquila, mas com filas em alguns acessos. Torcedores relataram que houve um problema de comunicação entre o sistema do clube e o da empresa que realizou os exames PCR-RT, gerando uma certa demora principalmente na última hora antes de a bola rolar. Alguns torcedores precisaram apresentar o documento com foto e o resultado negativo do exame manualmente.
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Os resultados dos exames de sócios torcedores foram enviados diretamente ao clube e por e-mail. Os sócios não precisaram entrar com a biometria, apenas com o smartcard e apresentação de um documento com foto. Não havia cadeiras marcadas e os setores inferiores foram destinados aos sócios.
"Eu entrei tranquilamente, sem nenhuma dificuldade. A torcida ficou toda concentrada no anel inferior. O pessoal manteve o distanciamento e quase não vi ninguém sem máscara, como é comum observar em outros estádios. No semblante dos torcedores, um misto de alívio e incredulidade. Encontrei alguns conhecidos visivelmente emocionados com a volta para casa", afirmou Leandro Saboia, 39 anos, advogado e sócio do Furacão.
Durante a partida, funcionários do Athletico passavam dando orientações e com álcool em gel. As mesmas orientações e totens de álcool em gel também estavam espalhados pelo estádio. A maioria dos torcedores respeitou o uso de máscara e o distanciamento social.
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Mesmo com a derrota, a torcida apoiou durante os 90 minutos e aplaudiu muito Nikão, que completou 300 jogos com a camisa rubro-negra. Já o técnico Alberto Valentin, que fez seu segundo jogo no comando, acabou vaiado depois de tirar o meia David Terans aos 13 minutos do segundo tempo.
"A vontade de estar no estádio era tanta que a derrota não pesou tanto. O sentimento é o mesmo do reencontro com alguém que você ama e faz muito tempo que não vemos. Independente do resultado, foi muito bom. Voltei para casa", comemorou a economista Marga Lemes, 39 anos.
"A ansiedade estava tão grande que cheguei na Arena cedo, e fui direto para a arquibancada. Entrei, sem nenhuma fila, até porque estava cedo. Foi uma alegria enorme estar de volta. A emoção veio forte. O resultado não foi bom, mas isso é o que menos importa. Voltamos para nossa segunda casa, voltamos ao lugar onde nos sentimos bem", acrescentou o torcedor Gabriel do Nascimento, 26 anos.
Esse retorno do torcida do Athletico, no entanto, só aconteceu porque a Prefeitura de Curitiba liberou 50% da capacidade dos estádios da capital em novo decreto. Na segunda-feira (4), depois de uma reunião do Conselho Deliberativo do Furacão, os conselheiros haviam votado contra a volta do torcida, com o argumento de que seria muito caro o custo para a abertura do estádio para apenas cinco mil pessoas. O assunto gerou muita insatisfação na torcida atleticana.