Quando Sicupira amarelou em um Atletiba e a bomba sobrou para Nilson Borges
A morte de Nilson Borges encerra, pelo menos menos fisicamente, uma das maiores duplas da história do Athletico.
Bocão, como era conhecido, chegou ao clube em 1968, mesmo ano em que Barcímio Sicupira desembarcou em Curitiba para iniciar sua contagem para ser o maior artilheiro da história rubro-negra, com 158 gols.
"Eu e o Sicupira estávamos sempre juntos", disse Nilson, na última entrevista em vida, concedida ao UmDois Esportes, em 15 de dezembro de 2020. Na ocasião, ele já não conseguiu mais andar e havia perdido 10 kg durante a pandemia de Covid-19.
Parceria inesquecível
É inegável que Borges e Sicupira se completavam dentro de campo. Fora dele, também mantinham uma grande amizade. Nasceram um para o outro, por assim dizer.
Mas toda relação tem seus momentos mais tensos. Um deles aconteceu em 14 de março de 1971, no Belfort Duarte, em um clássico Atletiba.
Em resumo, Sicupira amarelou para cobrar um pênalti quando o Coritiba vencia por a 1 a 0. Deu migué que estava machucado. Nilson assumiu a bronca e errou. Com bom humor, Bocão relembrou o fato. Ouça no player abaixo.
"Sobrou a bomba para mim. Ele deu uma pipocada, não dá, não dá... Eu, muito besta, fui perguntar para o treinador: quem bate? Ele falou: vai você. Aí, pronto. O [goleiro] Célio já me conhecia, ainda tentei tirar dele. Bateu no travessão e foi fora", contou o ex-ponta-esquerda.
Sicupira ficou com peso na consciência após o erro. “Na volta, ele [Borges] me olha e diz: ‘Filho da puta!’. Eu fiquei pensando: ‘Que merda, joguei o cara no fogo’”, disse. O relato, em detalhes, está na biografia Sicupira – Vida e gols de um craque chamado Barcímio, do jornalista Sandro Moser.
No fim das contas, o Athletico venceu por 4 a 3, de virada, em um dos melhores clássicos da história. A partida, que também marcou a primeira aparição pública do bigodão do craque da 8, acabou virando motivo de piada e sacanagem entre os amigos.