Esporte no sangue, vira-casaca polêmica e “Babigol”: quem é o maior investimento da história do Athletico
Dos campinhos de terra batida do Morro de São Jorge para a sofisticada grama sintética da Arena Baixada: Matheus Babi, maior investimento da história do Athletico, chega com a missão de ser o homem-gol do time.
Orgulho de Macaé, desde pequeno, o atacante de 23 anos é visto como promessa na cidade fluminense. Matheus Babi perdeu a mãe cedo e foi criado pelos avós, com o pai presente.
O esporte está no sangue do centroavante: o avô, Seu Tuíca, foi beque central dos “brabos” no futebol amador da região. Já a irmã mais nova, Mayara Barcelos, é oposta do Fluminense e uma das promessas da base da seleção brasileira de vôlei feminino.
E o apelido? Surgiu de uma brincadeira dos amigos do morro em referência à semelhança com o personagem “Babidi” do desenho Dragon Ball Z.
Vira-casaca polêmica em Macaé
Matheus Babi foi formado pelo Macaé, principal clube da cidade, e também passou dois anos emprestado na base do Grêmio. “Ele chegou bem novinho aqui e o Carlinhos Granja, nosso treinador da base, disse ‘esse jogador é uma promessa’. Ele chegou a pular do sub-17 para o profissional”, conta Mirinho, presidente do Macaé.
Em 2019, o atacante foi emprestado para o América-RJ e se destacou. No ano seguinte, de volta ao Macaé, manteve a boa forma na Taça Guanabara e chegou a ganhar o apelido de "Babigol".
Mas mesmo chamando atenção dos grandes clubes do Rio, no fim de fevereiro de 2020, ele acertou com o Serra Macaense, rival do Macaé, que disputa a segunda divisão carioca. Só que meses depois, sem jogar pelo Serra por causa da paralisação da pandemia, ele foi anunciado pelo Botafogo.
“O Babi foi criado no Macaé e nunca vestiu a camisa do Serra Macaense", cutuca Mirinho. "O pessoal do Serra fez a cabeça do menino e prometeram levar ele para Europa", argumenta o cartola.
A divisão dos direitos econômicos foi o que justamente causou a demora para o acerto com o Athletico e irritou Mario Celso Petraglia. O Serra Macaense possuía 60% do atleta, mas este percentual era diluído entre empresários, com a maior fatia para o agente Anselmo Paiva. Já o Botafogo tinha 40% de taxa de vitrine.
No total, o Furacão desembolsou R$ 12 milhões por 70% dos direitos do atleta até 2025. R$ 9 milhões foram repartidos entre Serra Macaense e os agentes e os outros R$ 3 milhões para o Botafogo, último clube do atacante.
Porém, o presidente do Macaé afirma que o clube também tem parte dos direitos do jogador: "O contrato dele estava terminando e o garoto começou a me dar dor de cabeça. Aí eu liberei ele para o Serra e mantive 20% dos direitos. Tenho tudo documentado".
"Agora, eu quero ver quem é que vai pagar a parte do Macaé. Nós temos tudo documentado e ainda temos taxa de clube formador. Nosso advogado já está cuidando disso e se não nos pagarem, vamos acionar a Fifa”, promete Mirinho.
Matheus Babi: grandalhão, mas habilidoso
A ascensão de Matheus Babi começou para valer quando ele jogou a Segundona do Carioca no América-RJ, em 2019. Ele foi vice-artilheiro com 12 gols e ajudou o Mecão a subir de divisão.
“Assumi o time profissional durante a campanha e ele estava jogando pelos lados, mas eu centralizei. Pelo tamanho, o Babi consegue jogar de costas e quando sai da área, tem qualidade para tabelar. Apesar do tamanho, ele não é aquele grandalhão que não tem mobilidade. Pelo contrário, tem um excelente domínio”, analisa Ney Barreto, técnico do América-RJ na época, atualmente no Estrela do Norte-ES.
No ano seguinte, sob o comando de Paulo Autuori, Matheus Babi foi o artilheiro do Botafogo no Brasileirão. Apesar do rebaixamento, o centroavante de 1,91m de altura fez 11 gols em 34 jogos, sendo 21 partidas como titular.
“Essa passagem dele pelo Botafogo foi muito importante. Ele amadureceu e se firmou. O Babi é um garoto bom de grupo, extrovertido com os colegas e que respeita o técnico. Já com a imprensa ele é mais tímido mesmo”, finaliza Barreto.