Torcida

Eles não nasceram em Curitiba, nem mesmo no Paraná, mas são apaixonados pelo Athletico

Por
Luana Kaseker
26/03/2024 16:09 - Atualizado: 26/03/2024 17:32
Torcida do Athletico no centenário
Torcida do Athletico no centenário | Foto: José Tramontin/Athletico

De um "clube de bairro", a um clube de uma cidade, depois de um estado e agora de um país. O Athletico ultrapassou os limites regionais e conquistou o coração de vários torcedores Brasil afora.

Os feitos do presente glorificaram ainda mais o passado e foram fundamentais para que mais atleticanos surgissem nos últimos anos. Nesta terça-feira (26), o Furacão completa 100 anos e o UmDois Esportes traz histórias de torcedores que, mesmo de longe, criaram laços e se tornaram rubro-negros de coração.

+ Confira a tabela completa do Campeonato Paranaense

Um paulistano-paranaense que se encantou com Alex Mineiro de gorrinho de Papai Noel e que nunca veio à Baixada

Carlos Alberto, auditor contábil

"Nasci em São Paulo, mas bem novo vim para o Oeste do Paraná. Tinha 9 anos e justamente nesse momento o Athletico jogava a final do Brasileiro – a minha primeira lembrança com o clube foi essa. Era um evento de Natal para os funcionários da empresa em que meu pai trabalha até hoje.

Na TV do barzinho da associação estava passando o primeiro jogo da final de 2001 e, entre uma memória e outra, guardo dois momentos. Primeiro, um rapaz falando a frase: 'Temos que torcer pro (então) Atlético-PR porque é daqui''. E eu, novo, fiquei matutando o que seria esse 'é daqui'. Outro momento é o Alex Mineiro comemorando o gol com um gorro de Papai Noel.

Aqui no Oeste (hoje isso vem mudando) era incomum ter torcedores dos times do Paraná. Além disso, por ter crescido sem muito acesso, pois a TV aberta não transmitia muitos jogos, as fontes de informação eram as Revistas Placar e jornais na escola, onde pegava a página de esportes com fichas técnicas e tirava cópia para trazer para casa.

Mas eu conheci de verdade o Rubro-Negro no Guia do Brasileirão da Placar de 2004 (inclusive, tenho até hoje guardada) e fiquei encantado. Dali em diante passei a acompanhar, mas solitário, porque não era um assunto recorrente, mesmo sendo um clube do estado. Nesse período houve os vices do Brasileiro e da Libertadores. Outro ponto emblemático foi um jogo da Sul-Americana contra o Pachuca, em que fiquei a madrugada vendo o time tomar um sacode homérico. Depois, tive que levantar cedo para ir para a aula, mas não era assunto com amigos porque não era time gaúcho, carioca ou paulista.

Enfim, com o advento das redes sociais conheci mais pessoas, fiz amigos (um abraço em especial ao meu amigo de longa data, Bruno Ribeiro) e me senti mais próximo desse sentimento, encurtando uma distância bem grande do interior à capital. Hoje vou aos jogos de visitante que são próximos a mim, por isso tenho um carinho grande pelo Campeonato Paranaense, e prometi que a ida à Arena não passa desse ano!

Todos carregamos lembranças de quando começamos a gostar de algo, e em sua maioria são flashbacks. Com o clube em si, não possuo momentos como ir ao estádio quando criança, mas o dia EXATO poucos conseguem lembrar. Eu, graças ao bom Deus, lembro. Obrigado ao moço daquele dia e ao Alex Mineiro por me ajudar a entender que pertencia a algo".

O nordestino atleticano que influencia novos torcedores e que criou um time de futsal em homenagem ao Athletico

Lucas Meireles, professor de Geografia

"Eu comecei a torcer pelo Athletico no ano de 2001. Minha família é de flamenguistas e meio que forçavam a torcer pelo time do Rio de Janeiro. Não criei identificação e precisei assistir só um jogo daquele time campeão brasileiro para me tornar atleticano. Sou torcedor desde os 9 anos e enfrentei muita gente por essa escolha inusitada em minha cidade Macambira, Sergipe.

Com o passar do tempo, fiquei influente nas redes e fui convidado por torcedores e pessoas do clube para conhecer o CT e a Arena. Não parei mais de acompanhar o Athletico e praticamente todos os anos assisto a um jogo no Nordeste ou em Curitiba. Estive presente no título da Sul-Americana em 2018, por exemplo. Conheci jogadores históricos e a torcida Os Fanáticos.

Durante todo este tempo, sempre pensei em algo que influenciasse mais pessoas da minha cidade a torcer pelo Athletico e, no passado, pude criar um time de futsal que homenageasse o Furacão.

O Athletico Macambirense nasceu e é um sucesso nas quadras e arquibancadas. Sou professor e tudo surgiu na interação com alunos na sala de aula. Hoje, somos reconhecidos em todo o estado e fomos convidados pelo atual campeão sergipano para um amistoso. Também conquistamos nosso primeiro título no futebol de areia".

O carioca que largou tudo e veio para Curitiba para vivenciar o que é ser Athletico

Jeferson dos Santos Santana, monitor de segurança

"Eu comecei a torcer para valer em 2016. Antes, em 2013, na final da Copa do Brasil contra o Flamengo, eu já passei a ter uma admiração muito grande, quando a torcida lotou a sua parte, no maior público visitante do Maracanã. Foi absurdo.

O Macaé era meu primeiro clube e eu não gostava de nenhum da capital. Sempre admirei muito o Athletico, mas foi a partir daquele ano que passei a acompanhar direto e virei torcedor. Em 2021, na festa da final da Copa do Brasil, que o Athletico perdeu para o Atlético-MG, eu não consegui mais ficar longe. Eu vi aquela festa que a torcida fez no estádio, mesmo perdendo, e me emocionei, chorei. E depois daquilo eu pensei 'não tem como eu ficar de fora disso'.

Eu tinha até tentado me programar para vir naquele jogo. Mas eu não tinha condições. Ali mesmo eu vi que não poderia mais ficar longe do Athletico. Então, eu peguei minhas coisas, um mês depois, e vim embora para Curitiba. Eu fui demitido do dia para noite e decidi vir. Acho que era para ser mesmo. Ter vivido já uma campanha daquelas na Libertadores, no ano seguinte, foi maravilhoso.

Em 2018, no título da Sul-Americana, foi do dia 12 para o dia 13, que era meu aniversário. Eu estava na casa dos meus amigos e todos queriam sair para algum lugar, mas o Athletico estava jogando e já rolando a prorrogação, quase indo para os pênaltis. Aí todos queriam sair e eu disse: 'vocês podem sair e comemorar meu aniversário sem mim, que eu vou ver os pênaltis'.

Depois que o clube foi campeão, eu saí correndo na rua, gritando e cantando o hino do Athletico até a minha casa. O clube ser campeão no dia do meu aniversário foi uma emoção muito grande. Um dos maiores presentes da minha vida".

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Formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Gestão, Comunicação e Marketing no Esporte pela Uninter. Desde 2017, atua na área de esportes como repórter da Gazeta do Povo e agora do UmDois Esportes, participando das cobertu...

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