Criador do Danubio curitibano comemora vitória sobre Athletico; conheça time inspirado no rival uruguaio
Do alto da arquibancada no setor destinado à torcida visitante na Ligga Arena, estádio do Athletico, o uruguaio José Emilcar Guedes, de 74 anos, assistia ao Danubio, time do coração, na difícil missão de vencer o Furacão na sua casa.
Nascido no Uruguai, naturalizado brasileiro e morador de Curitiba há mais de 30 anos, José é o criador do Danubio. Não o uruguaio, que disputou a quinta rodada da Sul-Americana, nesta quarta-feira (15), e venceu por 2 a 1. Mas sim o Danubio curitibano, fundado em 1996, no bairro Cajuru.
"Ele gosta muito de futebol. Um dia chamou amigos para formar um time para jogar um campeonato amador. E, como presidente, pediu para se chamar Danubio", conta o sobrinho de José, Odayr Prado, de 47 anos, ao UmDois Esportes.
Conhecido no bairro, o Danubio brasileiro tem como tradição há mais de 30 anos a famosa "pelada de sábado".
"Fomos campeões em alguns campeonatos, todos amadores. Temos o time de veteranos e o dos meninos. E a nossa pelada de todo sábado que acontece há mais de 30 anos, reunindo sempre as mesmas pessoas", diz Odayr.
Com o time, o José criou uma legião de fãs da equipe uruguaia. Os curitibanos viajam para Montevidéu assistir ao Danubio original e os torcedeores uruguaios vêm para a capital paranaense prestigiá-los.
Nesta quarta, os hermanos tinham um motivo ainda mais especial para a visita. Na Ligga Arena, aos 28 minutos do primeiro tempo, a torcida visitante pulou comemorando o gol de Ignacio Pintos, que abria o placar para os uruguaios. Logo depois, aos 42, outro gol do Danubio garantia a vitória do visitante diante de um péssimo desempenho rubro-negro. A noite era azul-celeste.
Presidente do Danubio conheceu "irmão amador" em 2005
Há 22 anos, o Danubio viajou de Montevidéu para Santos, jogar contra o time da Vila Belmiro, pela fase de grupo da Libertadores de 2005, justamente a que o Athletico foi vice-campeão.
Na viagem, os uruguaios pararam em Curitiba para conhecer o curioso time brasileiro que tinha o mesmo nome.
O encontro teve a presença ilustre do então presidente do clube uruguaio Fernando Nodar. Segundo Odayr, chegou a virar matéria de jornal no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com os uruguaios.
“A partir disso viramos aqui. Vamos para lá, eles vem para cá. O bacana é que meu filho torce para o Danubio, filho do meu amigo também, então construímos uma família”, se emociona Odayr.
Atleticano, o sobrinho de José é até sócio do Furacão. Mas o que faz mesmo seu coração bater é o Danubio, seja do Cajuru ou do Uruguai.
“Hoje [quarta] a expectativa era de 6 a 0 para o Athletico, mas ganhar ou perder não importa. O importante é estar feliz junto com o pessoal do Uruguai", afirma.
No fim, Odayr pôde comemorar o resultado ao lado de José e de outros uruguaios, mantendo vivo o sonho da classificação para as oitavas de final. No sábado (18), será o outro Danubio a entrar em campo, com um elenco com certeza mais motivado para a disputa da pelada de fim de semana.