Voltamos 100 anos na história para contar como começou a principal rivalidade do estado do Paraná entre Athletico e Coritiba. Para isso, recorremos aos jornais da época. A Gazeta do Povo, diário fundado em 1919, retratou do pré ao pós-jogo o tão esperado Atletiba.
O Coritiba (ou Curityba, como se chamava na época), com seus quase 15 anos de história, enfrentaria pela primeira vez o recém fundado Athletico (já com H). Nos dias que antecediam ao duelo, o jornal já dava o prenúncio de que dali sairia uma grande rivalidade.
Ainda que o destaque dado ao jogo fosse bem menor ao dado às partidas de xadrez e até aos resultados de equipes de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, o clássico não foi deixado de lado na página de “Desportos”.
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“No campo da Graciosa, realizar-se-á no próximo domingo a importante partida da A.S.P. entre os clubes Curityba e Club Athletico Paranaense”, escreveu o periódico no dia 5 de junho daquele ano.
No dia seguinte, uma maior ênfase ao tamanho do duelo e a rivalidade construída, já que as equipes tinham raízes antagônicas. “Dada a rivalidade existente entre ambos é de se prever que a lucta seja equilibrada e cavadíssima”.
Um dia antes de a bola rolar no Parque da Graciosa, estádio coxa-branca, pelo primeiro turno do Campeonato Paranaense, a Gazeta do Povo ressaltou que o duelo entre os rivais da capital era esperado com ansiedade pelos torcedores.
“Continua sendo esperada com a maior ansiedade nos nossos meios desportivos a importante partida de amanhã da Asp entre as valorosas esquadras do Club Athletico Paranaense e Curityba F. C.”, apresentou o texto do jornal.
O relato sobre o primeiro Atletiba da história
Na manhã seguinte ao clássico, a segunda-feira, 9 de junho, o jornal iniciou o texto descrevendo uma “concorrência magnífica” entre os times sob um “chuvisqueiro” tão tradicional de Curitiba. O duelo não teve destaque na capa, mas abriu a página 6 de esportes.
Segundo a publicação, em campo, com equilíbrio e ataques dos dois lados, os goleiros Jacomino e Nato foram os destaques nos primeiros minutos. Aos 25′, o atacante Raul abre o placar para o Furacão. Antes do fim do primeiro tempo, Ninho aproveita passe e empata no Parque da Graciosa, 1 a 1.
Na volta dos vestiários, Ninho marca mais dois gols e coloca o Coxa à frente do placar. O Athletico reage, domina e pressiona no ataque. Marques desconta, 3 a 2. O time coxa-branca amplia com Estaco, de cabeça. Ary coloca o Athletico de volta ao jogo, com um tento de pênalti, 4 a 3.
Mas a goleada é fechada com gols de Bebê e Ninho, 6 a 3. “A pugna termina com o resultado de 6×3 favorável ao Curityba. Em conclusão o Curityba venceu a partida porque jogou mais que o Athletico”, disse o relato.
No texto, também há um destaque para as atuações dos atletas. Um intertítulo traz “Os jogadores”, com o seguinte resumo: “Os melhores jogadores foram: do Athletico – Marrecão, Franico, Maneco e o trio dianteiro; Nato, Raul e Lourival regulares; Marques fraco. Bugiu não esteve em seu dia. Do Curityba: bons Bahu, Abrahão, Ninho e Octaviano; regulares Perin, Bebe e os demais. Jacomino fez boas defesas”.
Ficha técnica do primeiro clássico Atletiba
Coritiba 6×3 Athletico
Campeonato Paranaense
Data: 8 de junho de 1924.
Local: Estádio Parque da Graciosa (Curitiba).
Árbitro: Elias Martin e Moacyr Gonçalves.
Coritiba: Jacomino, Beatrice e Bahu; Zilioto, Octaviano e Luiz Abrahão; Perin, Bebê, Ninho, Inglês e Estaco.
Athletico: Nato, Bugiu e Marrecão; Franico, Maneco e Lourival; Marques, Ary, Marrequinho, Motta e Raul.
Gols:
- 0x1 – Raul, 1º tempo (Athletico)
- 1×1 – Ninho, 1º tempo (Coritiba)
- 2×1 – Ninho, 2º tempo (Coritiba)
- 3×1 – Ninho, 2º tempo (Coritiba)
- 3×2 – Marques, 2º tempo (Athletico)
- 4×2 – Estaco, 2º tempo (Coritiba)
- 4×3 – Ary, 2º tempo (Athletico)
- 5×3 – Bebê, 2º tempo (Coritiba)
- 6×3 – Ninho, 2º tempo (Coritiba)