Athletico ou Coritiba? Torcedora mirim escolhe time após ver jogos nos estádios
Em menos de uma semana, a pequena curitibana Aurora Marchioro, 5 anos, precisou tomar uma decisão que pode ser para o resto da vida. Para quem ela iria torcer: Athletico ou Coritiba?
A história começou depois que Coxa e Furacão conseguiram reverter a punição de portões fechados para jogos com exclusividade de mulheres e crianças. A mãe da Aurora, a advogada Jéssica Marchioro, então resolveu levar a filha no Couto Pereira e na Arena da Baixada para que ela pudesse escolher o time do coração.
Tabela do Paranaense 2023; acesse!
"Aqui em casa o negócio mesmo era automobilismo, por causa do meu pai, avô da Aurora. Até que ela ficou muito empolgada com um amistoso da Seleção Brasileira Feminina de Futebol contra o Canadá que aleatoriamente vimos na TV. Daí em diante ela quis assistir a todos os jogos da Copa do Mundo, chorou quando o Brasil perdeu e passou a torcer pela Argentina e pelo Messi (o outro avô era argentino), o gosto pelo futebol só vem crescendo e entusiasmando a família inteira", afirmou Jéssica.
A paixão da menina por futebol começou há pouco tempo, mas a vontade de conhecer os estádios de Curitiba, cidade que mãe advogada adotou há nove anos, já vinha há algum tempo. A medida inédita no futebol brasileiro foi a oportunidade perfeita para que mãe e filha tivessem a chance de viver esses momentos únicos.
"Nós já tínhamos vontade de conhecer os clubes e os estádios aqui de Curitiba, mas por um pouco de receio e falta de oportunidade, sempre deixávamos para lá. Daí vi no Twitter que tanto o Coritiba quanto o Athletico conseguiram essa medida, era a oportunidade de conhecermos os estádios e a torcida. Acreditei que seria uma boa oportunidade para minha filha assistir aos jogos ao vivo, sem impor a escolha de um ou outro time", contou a mãe, que é do Amazonas e é torcedora do Vasco.
Experiência de mãe e filha no Couto Pereira e na Arena da Baixada
Jéssica e Aurora foram juntas ao estádio alviverde na estreia do Coritiba diante do Aruko, vitória por 1 a 0 no domingo (15). Depois, estiveram na Baixada no último sábado (21) para a vitória do Athletico também por 1 a 0 sobre o Maringá.
"Gostamos muito dos estádios! Foi incrível! Achamos o acesso fácil, tudo bem limpo e bem sinalizados. As filas são inerentes a todo e qualquer evento, então não nos incomodou. O principal é que nos sentimos seguras para prestigiar o evento, tanto para ela como criança e eu como mulher (de bônus - gestante)", declarou.
A pequena Aurora pôde sentir as mais variadas sensações nos dois estádios e aproveitou os mais de 90 minutos em cada local, para que então pudesse decidir para quem torcer entre os rivais de Curitiba.
"Ela [a Aurora] ficou empolgadíssima, desde o momento em que falei que iríamos assistir a um jogo de futebol ao vivo, dentro de um estádio. Primeiro, fomos ao Couto Pereira, ela amou, ficava olhando extasiada para a torcida da arquibancada com a bateria e as coreografias. Uma amiga nossa, que é coxa-branca, cantava as músicas para a Aurora e elas dançavam juntas. Foi uma festa", relatou Jéssica sobre a tarde no estádio do Coritiba.
O veredito: o coração da Aurora escolheu pelo lado Rubro-Negro da cidade.
"A experiência na Arena da Baixada foi incrível também. A grandiosidade do estádio lotado, todo mundo cantando junto, mas o que a fez escolher o Rubro-Negro foi a atenção que o clube e a torcida deram a ela. No Twitter, os atleticanos torcendo e interagindo para que ela escolhesse o Furacão, ela também deu entrevista para Furação Live e ganhou uma camisa personalizada. Ah, sem falar no Fura-cão, rs. Nós nos sentimos seguras e acolhidas, foi uma ótima experiência. Então, temos a certeza de que voltaremos à Arena em outros jogos", afirmou.
Para a Jéssica, para a Aurora e tantas outras torcedoras e mirins, fica a expectativa de termos uma arquibancada mais democrática, segura e respeitosa durante os jogos com público geral. Quem sabe assim, cada vez mais mulheres e - principalmente - meninas se sintam confortáveis para frequentarem estádios de futebol, como bem relata a mãe.
"Acredito que essa experiência de ir a um estádio seria sim vivida em algum outro momento, mas o fato de que o acesso aos estádios foi exclusivo a mulheres e crianças nos deixou mais confortáveis e serviu para desconstruirmos a ideia de insegurança. A Aurora vendo todas aquelas mulheres e crianças fez nascer a noção de que ela, como menina, pode sim gostar de futebol, pode torcer para um time, de ter o sentimento de pertencimento (e em mim também)", finalizou Jéssica.
Na quarta-feira (25), mãe e filha estarão novamente na Arena da Baixada para assistir ao jogo contra o Foz do Iguaçu às 19h15. O clube anunciou que os ingressos já estão esgotados.