Próximos passos

Artigos, denúncias e possíveis punições: os desdobramentos das confusões do Atletiba

Desde a noite de domingo (5), a briga generalizada entre jogadores do Athletico e Coritiba, no clássico realizado na Arena da Baixada, é o assunto principal das conversas entre os procuradores do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR). As imagens da confusão no gramado que rodaram o mundo continuam sendo analisadas antes do oferecimento da denúncia, que pode acontecer até o final desta semana.

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Foram nove expulsões do lado rubro-negro e alviverde, além do arremesso de objetos em campo – um copo e um saco plásticos, ambos com “líquido não identificado” – na direção dos atletas do Coritiba no momento do gol dos visitantes, e a invasão de campo por parte de torcedores do Athletico.

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Quais são os próximos passos? Quais punições podem caber ao Athletico? O clube pode perder mandos? O árbitro deixou de relatar os acontecimentos na súmula? E o possível WO? Veja abaixo as explicações.

Briga generalizada marcou o final do clássico Atletiba

Análise das imagens

Mesmo com a confusão em andamento, vários vídeos da confusão começaram a pipocar no grupo de WhatsApp dos procuradores do TJD-PR. As imagens começaram a ser analisadas antes mesmo da suspensão da partida. O árbitro José Mendonça da Silva Junior suspendeu o jogo por falta de segurança. A súmula só foi publicada no site da Federação por volta de 0h45 de segunda-feira (6).

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Antes e durante a denúncia

Com a súmula disponibilizada, os procuradores também acessam o Relatório do Delegado do Jogo (RDJ), no caso, de Sérgio José Firakovski, com mais informações sobre a confusão. No documento, o texto ressalta as informações que já haviam sido relatadas na súmula, como o arremesso de um copo e de um saco plástico após o gol marcado pelo Coxa, assim como a confusão em campo entre os jogadores, agressões, invasão por parte de reservas e substituídos, membros das comissões técnicas e diretores, além de torcedores. A partir da súmula e do RDJ, aliados à análise criteriosa das imagens, então, a procuradoria apresenta efetivamente a denúncia.

Falhas na súmula

Segundo o procurador do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), Pedro Henrique Val Feitosa, há falhas na súmula apresentada pela arbitragem. O árbitro tem até 48h para fazer eventuais retificações.

“Vimos que tem mais jogadores que participaram da confusão e ele (árbitro) não relatou. Então, vamos denunciar esse todo esse pessoal que não foi citado, para não cometer nenhuma injustiça e não deixarmos nada para trás”, disse em entrevista ao UmDois Esportes.

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Os desdobramentos após a confusão, com a expulsão de jogadores, serão pontos centrais da denúncia. Feitosa quer mais explicações do árbitro sobre a suspensão da partida.

“Vamos conversar sobre, porque realmente a súmula fica meio contraditória a este respeito. O árbitro diz que queria expulsar todo mundo ali, mas que não conseguiu por causa do momento que estava acontecendo. E ele fez isso depois só com as imagens. Mas ele coloca que a suspensão da partida foi por causa da falta de segurança, então isso vai dar uma briga jurídica, a respeito do fato dos jogadores terem sido expulsos antes ou depois dessa suspensão, porque se for antes aí é possível se discutir o W.O. Se efetivamente ele só expulsa depois, e encerra a partida por falta de segurança, aí não será W.O”, explica.

Artigos

Sobre a confusão generalizada, os atletas envolvidos serão denunciados no artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A pena é de quatro até 12 jogos de suspensão.

“Vamos nos basear neste artigo para os atletas que brigaram. Daí os auditores aplicam, por questão do julgamento, de participação, de quem brigou mais ou menos, e então eles analisam isso para dar uma proporção maior na pena. Mas queremos brigar para ser, pelo menos, de 6 a 8 partidas para principalmente para quem brigou ali e foi relatado pelo árbitro“, pontua o procurador.

Outro artigo que será citado é o 213, que diz sobre desordens em sua praça de desporto; invasão do campo ou local da disputa do evento desportivo; lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento, com multa e perda de mando.

Na súmula, o árbitro relata que até o momento da redação do documento, os torcedores invasores ainda não haviam sido identificados. O Athletico ainda não se manifestou sobre o ocorrido ou possível identificação dos infratores.

“Vamos denunciar no 213, não sabemos se todos (os torcedores) foram identificados, com apresentação de boletim de ocorrência. Se isso foi feito, o código traz isso como uma extinção de punibilidade, se você apresenta o infrator à autoridade policial, com boletim de ocorrência, exime o Athletico de responsabilidade. Mas a gente precisa analisar se todos que invadiram, se todos que jogaram objetos, foram efetivamente identificados. Se não houve a indicação de todos, pode ter perda de mando por causa desse motivo”, diz Feitosa.

Julgamento

O julgamento ainda não tem previsão de data para ser realizado. Durante esta semana, a procuradoria vai apresentar a denúncia, e, após o feriado de Carnaval, com recesso do TJD-PR, o processo vai ter andamento, ou seja, a tendência é que o primeiro julgamento possa ocorrer até o final do mês. A ideia da procuradoria é apresentar a denúncia o mais rápido possível.

“Primeiro a procuradoria vai ser intimada para a distribuição da denúncia. Aí apresentamos a denúncia e marcamos o julgamento. Por causa do feriado, acreditamos que só teremos o julgamento lá pelo dia 27 ou 28, para ouvir as testemunhas e termos uma primeira decisão”, detalha o procurador do TJD.

Todos os denunciados serão julgados por uma das três comissões disciplinares. Após as punições, os envolvidos ainda podem recorrer ao Pleno e, posteriormente, ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Coritiba divulga nota repudiando violência “dentro e fora de campo”

“O Coritiba Foot Ball Club lamenta os fatos ocorridos ao final do último AthleTiba, no domingo (05), na Arena da Baixada, pelo Campeonato Paranaense. O Coritiba repudia todo e qualquer tipo de violência, dentro e fora de campo, e já tomou medidas internas para que isso não se repita. Atletas, que devem servir de exemplos para todas as gerações, não devem ser protagonistas de cenas de violência dentro de campo. Este confronto é um grande clássico do futebol brasileiro, entre duas grandes equipes, e deve ser disputado dentro das quatro linhas, com a bola rolando, de maneira justa e cordial, independente da rivalidade”.

Assista aos gols do clássico Atletiba

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